Por Tales Faria no Jornal do Brasil (Informe JB)
O presidente Lula espalhou aos sete ventos que pode fazer a reforma ministerial aos poucos e virar o ano com boa parte dos mesmos ministros que aí estão. Ontem, estiveram com ele - e ouviram isso - os senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), além do coordenador político do governo, Tarso Genro . Anteontem, Lula também disse isso aos líderes petistas com quem se encontrou. Argumento básico do presidente: quer baixar o nível de ansiedade entre os aliados. Outro argumento: como fechar agora um governo de coalizão se os atuais líderes de bancada e presidentes dos partidos devem ser substituídos entre fevereiro e março do ano que vem?
A decisão protelatória não é novidade em Lula. No seu primeiro governo, ele também deixou para decidir no último momento. Em vez de baixar o nível de ansiedade, o que ocorreu foi o contrário: os aliados ficaram com nervos à flor da pele. Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, foi nomeado pela imprensa e demitido diversas vezes até assumir de vez o cargo de ministro das Cidades. Já estava tão desgastado que fez uma administração pífia. O PMDB, que no início do primeiro mandato, como agora, também queria entrar unificado no governo, foi tão enrolado que acabou entregando a um pequeno grupo o relacionamento com o Palácio. O grosso da bancada foi para o corpo mole das votações no Congresso, o estica-e-puxa que resultou no esfacelamento da bancada governista. E a base de agora é a mesma de antes das eleições, com os mesmo líderes e o mesmo mal-estar de antes com o governo. Empurrá-la com a barriga até o ano que vem é empurrar com a barriga as votações no Congresso também. Resulta, é claro, no enfraquecimento de qualquer governo.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/18/2006 09:05:00 AM |
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