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LULA, PAPAGAIO DE PIRATA DE CHÁVEZ
No Jornal da Tarde

Vicente Díaz, um dos diretores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, não gostou do enfático discurso de apoio do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, às pretensões de seu amigo e ídolo local Hugo Chávez a se manter na chefia do governo venezuelano. Ele considerou o discurso de Lula na inauguração de uma ponte uma 'intervenção grosseira nos assuntos internos' de seu país. 'O presidente do Brasil não tem nada que vir opinar sobre as eleições da Venezuela', disparou.
Na verdade, o discurso de Sua Excelência no palanque do amigo continha mais disparates - a que estamos habituados, mas o sr. Díaz não - que propriamente grosserias. Mesmo não tendo conseguido transferir seu prestígio eleitoral para fazer do senador Aloizio Mercadante (PT) governador de São Paulo, Lula tentou obrar lá o milagre inconcebível da transposição dos povos, ao afirmar: 'O mesmo povo que elegeu a mim certamente irá te eleger presidente da Venezuela'. Como ele foi reeleito pelo povo do Brasil e Chávez disputa votos além de nossas fronteiras, o apelo só pode ser levado a sério por alguém que acredite que haja no país vizinho um contingente de cidadãos dispostos a seguir seu comando. Não é o caso!
Por mais delirante que nosso guia se tenha mostrado, a ponto de atribuir à Divina Providência a própria vitória e entregar a sorte de Chávez à intervenção da mesma, como se os oposicionistas cá e lá também não fossem filhos de Deus, é improvável que ele creia na eficácia de sua atitude de cabo eleitoral para influir na escolha do eleitor venezuelano. É mais provável que ele tenha viajado para atuar como papagaio de pirata do amigo que, mercê da força dos petrodólares e da ineficácia da política externa brasileira, lhe esvaziou as pretensões de vir a se tornar o líder incontestável das Américas e dos emergentes.
Ao contrário do que pensa o sr. Díaz, Lula não foi descortês com os venezuelanos, mas com os brasileiros que o reelegeram, ao afirmar publicamente ter sido 'vítima da incompreensão e do preconceito' da imprensa, do empresariado, dos ex-governantes do Brasil e dos banqueiros. Estes, como é sabido, foram beneficiados em seu primeiro governo e não teriam razões para tentar impedir o segundo. Nós é que devemos nos preocupar com tal discurso, e não eles!


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/16/2006 01:21:00 AM      |