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O BANDO DO BRASIL S.A.
Duas matérias conjugadas, que no fundo são complementares.

Do CH

A CPI dos Sanguessugas ainda não votou o requerimento que convoca o vice-presidente de Crédito e Risco do Banco do Brasil, Adézio Lima, chefe e padrinho do diretor de Risco do BB, Expedito Veloso, da gangue do dossiê. Em 2000, quando gerente-geral em Brasília, Adézio foi denunciado ao Banco Central como operador de caixa 2 mantido com recursos de contas inativas do banco. O BB ficou de consultar seus arquivos para responder.


Rodrigo Constantino, no D.Casagrande

O Banco do Brasil divulgou seu resultado para o terceiro trimestre do ano. Nos últimos 12 meses, o banco acumulou um lucro de R$ 5,5 bilhões. Não dá para negar que de uns anos para cá o banco vem melhorando sua gestão, que era caótica no passado. De tempos em tempos, o governo era obrigado a injetar novo capital no banco, prestes a falir por mais de uma vez. Mas ele ainda está longe de ser um ícone de eficiência. E provavelmente jamais será enquanto for um banco estatal.

O Tesouro Nacional detém mais de 70% das ações votantes do Banco do Brasil. Seus ativos ultrapassam R$ 280 bilhões, 35% acima do Itaú e 15% acima do Bradesco. Em primeiro lugar, uma incoerência clara da esquerda nos vem a mente: condenam os banqueiros pelos males do país ignorando que o maior de todos é o próprio governo! Somente motivos ideológicos ou interesses pérfidos explicam alguém ainda defender o Estado como banqueiro. Basta observar o que isso significou no passado, em termos de rombos bilionários bancados compulsoriamente pelos pagadores de impostos, para repudiar totalmente esta idéia estapafúrdia. Ainda assim, não são poucos que vociferam, sem argumentos, contra uma desejável privatização do Banco do Brasil.
Mas se a fase de gestão caótica e temerária do banco ficou, aparentemente, para trás, ainda não é possível compará-la, por outro lado, com a gestão dos bancos privados. Um rápido levantamento explicita um dos grandes problemas do banco estatal, que é seu inchaço desnecessário no quadro de funcionários. O Banco do Brasil tem um valor de mercado perto dos US$ 20 bilhões. Para tanto, emprega mais de 94 mil pessoas, número que vem crescendo bastante, ainda por cima. O Kookmin, banco coreano de porte similar, emprega menos de 25 mil pessoas. O Itaú, que vale quase o dobro do Banco do Brasil, emprega quase a metade do número de pessoas!

Fiz uma tabela comparando o valor de mercado com a quantidade de empregados do Citigroup, Wachovia, US Bancorp, Wells Fargo, Kookmin, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Na média, cada funcionário desses bancos gera de valor para seus acionistas algo como US$ 855. Mas cada funcionário do Banco do Brasil cria apenas US$ 220 de valor para seus acionistas, ou 74% a menos que a média. Claro que essa não é a única medida de eficiência. Mas fica evidente que o Banco do Brasil emprega gente demais, tendo um quadro bastante ocioso e desnecessário. Eis uma típica característica de empresa estatal. O Banco do Brasil gastou, nos últimos 12 meses, R$ 7,8 bilhões com despesas de pessoal. Para efeito de comparação, o Itaú gastou R$ 4,6 bilhões, e o Bradesco gastou R$ 5,8 bilhões.

Em termos de retorno sobre o patrimônio líquido, outra medida de eficiência no uso do capital dos acionistas, o Banco do Brasil ficou com uma média de 21,5% nos últimos 5 anos, contra 31,4% do Itaú. E isso ainda foi possível somente pela maior alavancagem do banco, que significa mais risco. Afinal, o retorno sobre os ativos do Banco do Brasil ficou em apenas 1,1% na média desde 2001, contra 2,8% do Itaú ou 1,8% do Bradesco. Podemos analisar os números dos balanços desses bancos de inúmeras maneiras, mas a conclusão será inequivocamente a mesma: o Banco do Brasil não tem, nem de perto, a mesma eficiência que os demais bancos privados. Uma privatização dele iria, com certeza, aumentar a geração de valor para seus acionistas, a lucratividade, e, por conseguinte, a arrecadação de impostos para o governo. Contra a privatização, restam apenas apelos nacionalistas vazios, ou a defesa de privilégios às custas dos “contribuintes”.

O dicionário Aurélio tem como uma das definições para bando o seguinte: “conjunto de famílias que vivem juntas, permanentemente associadas, formando comunidade relativamente homogênea”. Com base neste conceito, e levando-se em conta que os funcionários do Banco do Brasil, na média, são privilegiados, por manterem seus empregos independente do valor gerado para os acionistas, creio que parece mais correto falarmos em Bando do Brasil. Seus empregados e familiares, assim como os clientes privilegiados independente da realidade do mercado, formam um grupo bastante homogêneo, lutando para não perder a mamata, paga, como sempre, pelos pagadores de impostos. Não existe almoço grátis! E o almoço – verdadeiro banquete – dos que se aproveitam do gigantismo ineficiente do Banco do Brasil, custa bem caro.


Editado por Anônimo   às   11/15/2006 11:26:00 PM      |