Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
LEVADO DE ROLDÃO
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa

Aloízio Mercadante (SP) reapareceu ontem no Senado com um discurso virulento contra a atual política econômica, que tem tudo para prosseguir no segundo mandato de Lula, apesar das promessas de crescimento do País. Foi aplaudido pelos líderes da oposição, José Agripino Maia (PFL-RN) e Artur Virgílio Neto (PSDB-AM), que entenderam a crítica de Mercadante como a pré-candidatura do senador ao cargo de futuro ministro da Fazenda, em substituição a Guido Mantega.
Antes fosse isto. Mas não é. As observações de Mercadante são, na realidade, a marcação de posição que o PT pretende fazer no sentido de não ceder espaços demais para os outros partidos que serão chamados a governar. Sobretudo ao PMDB, que tem um histórico de chantagens e infidelidades, e várias vezes colocou o governo contra a parede ao longo do primeiro mandato.
Lula perdeu a confiança no PT e Mercadante está incluído neste rol. Foi um de seus auxiliares diretos, Hamílton Lacerda, que por pouco não pôs a perder a reeleição. Com os demais "aloprados", engendrou a lambança do Dossiê Vedoin, levando Geraldo Alckmin ao segundo turno. Mercadante se disse surpreso, como já se mostrara surpreso quando adentrou a reunião da CPI dos Correios durante o depoimento do marqueteiro Duda Mendonça. Não sabia, também, que sua campanha fora paga com aquele dinheiro que circulou à farta, sem contabilização.
Apesar de todas as bobagens, o PT está sinalizando que não aceita ser tratado como filho bastardo. Vai brigar por espaços e promete intensificar o fogo amigo. Claro que as críticas virão acompanhadas de jargões como "compromisso de campanha", "agenda construtiva" ou "colaboração estratégica". Mas, acima de tudo, o partido não quer perder suas zonas de influência nem ter de dividir, eventualmente com o PMDB, a primazia do aconselhamento a Lula.
O presidente disse que até o final do mês fecha o ministério, confessa que está se divertindo no papel de coordenador político, admite que não cometerá o mesmo erro do primeiro governo - quando delegou poderes na formação do primeiro escalão. Inclusive diminuiu a importância da ausência do ministro Tarso Genro, que é quem cuida da área. Ou seja: o que o PT está fazendo é acenar para não se deixar tragar pela indiferença presidencial.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/11/2006 07:29:00 AM      |