Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
E DÁ-LHE BADERNA
Estadão

RIO GRANDE DO SUL Os 200 sem-terra que invadiram a Fazenda Coqueiros na quarta-feira deixaram a área nesta quinta. O grupo decidiu sair quando estava cercado por um pelotão de 80 soldados da Brigada Militar enviado à propriedade rural para fazer valer uma medida preventiva da Justiça que autoriza a desocupação sem a necessidade do pedido de reintegração de posse.
Foi a sétima vez desde abril de 2004 que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) entrou e montou barracas na fazenda de sete mil hectares, localizada em Coqueiros do Sul, no noroeste do Rio Grande do Sul. Os sem-terra voltaram para um acampamento que mantêm numa área arrendada vizinha à Fazenda Coqueiros.

MACEIÓ - O administrador substituto do Porto de Maceió, Clóvis Pereira Calheiros, disse nesta quinta-feira que não tinha como calcular os prejuízos provocados pela ocupação do porto pelos trabalhadores rurais sem-terra. Ele disse que a administração do Porto de Maceió não seria prejudicada, porque a movimentação interrompida seria compensada depois da atividade normalizada.
No entanto, ele informou que o prejuízo maior seria para a exportação de açúcar, já que as usinas estão em plena safra. Por dia, as usinas embarcam cerca de 15 mil toneladas de açúcar para o exterior, o que teria resultado num prejuízo em torno de US$ 15 mil, já que a ocupação do porto pelos cerca de cinco mil sem-terra durou quase o dia inteiro.

BELO HORIZONTE - O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, disse nesta quinta-feira que os representantes de movimentos sociais que participarão de um encontro com Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana, irão cobrar do presidente o cumprimento das promessas de campanha. "Atenção Lula, não nos tome como compadres", alertou Stédile.

Questionado sobre a ação dos sem-terra no porto de Maceió (AL), disse que o movimento está na verdade cobrando "faturas antigas, que já venceram há dois, três, quatro anos". "O governo tinha se comprometido e assinado no Plano Nacional de Reforma Agrária assentar 420 mil famílias em quatro anos. Até agora, assentou mal e porcamente em torno de umas 150 mil", reclamou. "Está na hora de eles criarem vergonha. A nossa paciência tem limite".

CURITIBA - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e produtores rurais da região de Cascavel, no oeste do Paraná, entraram em confronto na tarde desta quinta-feira, na BR-277, trocando socos e pancadas com pedaços de pau. Os sem-terra dizem que os produtores estavam armados e deram tiros para cima. Segundo eles, seis integrantes do movimento tiveram ferimentos leves. Já os produtores rebatem. Dizem que um sem-terra apareceu armado e reclamam de pelo menos duas pessoas feridas, também levemente. A rodovia no sentido Cascavel a Foz do Iguaçu ficou interditada até o início desta noite.

Os dois lados acentuam que suas manifestações deveriam ser pacíficas. A confusão durou cerca de meia hora. O presidente da Sociedade Rural do Oeste (SRO), que organizou o bloqueio, Alessandro Meneghel, disse que a manifestação era uma forma de chamar a atenção para as invasões de terra e o não cumprimento de ordens de reintegração de posse. "Não vamos mais aceitar nossas propriedades serem roubadas", afirmou. "Se o governo não cumprir a lei nós vamos nos defender. O roubo será respondido." O coordenador do MST, Kenon Oliveira, disse que Meneghel "acha que vivemos em coronelismo".

Os sem-terra tinham programado uma marcha até a propriedade da Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, a cerca de 15 quilômetros de Cascavel, como encerramento da Jornada de Educação na Reforma Agrária. A fazenda, onde a empresa realizava experimentos com organismos geneticamente modificados, foi invadida em março e, no início de novembro, declarada pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), como de utilidade pública para fins de desapropriação. O governo quer instalar lá um centro de agroecologia.

Em número de 2 a 3 mil pessoas, segundo os organizadores do evento, eles saíram por volta das 15 horas do Centro de Convenções. Quando chegaram em frente à SRO, às margens da BR-277, encontraram o bloqueio em uma das pistas, feito com tratores e caminhões. "Somos produtores rurais, plantamos, colhemos, pagamos nossos impostos e estamos cansados do pessoal invadir e ninguém fazer nada", desabafou o produtor Marcos Moura.

Segundo ele, 150 a 200 produtores, alguns a cavalo, participaram do ato. Como os ônibus não podiam seguir viagem, os sem-terra desceram e passaram a caminhar a pé pela outra pista. "Eles passaram por nós xingando, jogando lata, pedaços de pau e depois passaram para cá e começaram a quebrar farol dos carros e os pára-brisas", relatou Moura. Diferente do que contou Kenon Oliveira. "Nós desviamos e fomos agredidos", afirmou. "Isso é típico deles." A reação gerou baderna. Os ferimentos causados pela confusão foram leves e ninguém precisou ser hospitalizado.

Depois que a Polícia Rodoviária Federal conseguiu controlar a situação, os sem-terra foram até um posto, a cerca de 5 quilômetros, onde aguardavam a liberação dos ônibus para continuar a viagem até a propriedade da Syngenta, que foi batizada por eles como Acampamento Terra Livre. Os dois lados prometeram apresentar queixa à polícia. Não houve congestionamento na rodovia porque há um desvio passando por dentro de Cascavel.


Editado por Anônimo   às   11/30/2006 10:08:00 PM      |