Estadão - A CPI dos Sanguessugas está com os dias contados e pode ser enterrada tão logo acabe a eleição presidencial. Fonte de tensão entre governo e oposição, a CPI que denunciou 72 parlamentares por suposto envolvimento com a máfia das ambulâncias e levantou suspeitas sobre a atuação de quatro ministros que ocuparam a pasta da Saúde nos governos FHC e Lula termina no final desta legislatura. Segundo o regimento e com parecer do Supremo Tribunal Federal (STF), a comissão não poderá ser prorrogada e se encerra em 15 de dezembro. Na quarta-feira, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da CPI, chegou a ensaiar movimento para que os trabalhos se estendam. Mas foi informado pelas mesas da Câmara e do Senado que a manobra, além de anti-regimental, é inconstitucional. “Existe parecer do ex-ministro do STF Carlos Veloso afirmando claramente que as comissões parlamentares de inquérito têm que ser encerradas na mesma legislatura em que foram criadas e instaladas”, afirmou o secretário-geral da Câmara, Mozar Viana.
O temor de alguns oposicionistas é o de que o interesse nas investigações por parte do PSDB diminua. A avaliação é que a provável eleição de Lula leve os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, a defenderem período de trégua com o governo, para evitar conflito com Brasília no primeiro ano.
Além disso, não interessariam aos tucanos apurações em torno de Abel Pereira, empresário acusado de receber propinas em nome do ex-ministro da Saúde tucano Barjas Negri. “Será muito difícil que o PSDB tenha o mesmo vigor nas investigações demonstrado até aqui. É provável que esse jogo acabe empatado”, avaliou um deputado da CPI. “Se o PT e o PSDB não quiserem, vai ser difícil manter a CPI”, admite o sub-relator Fernando Gabeira (PV-RJ). Mas ele observa que há número grande de parlamentares que desejam que a apuração continue, para o bem do País.
Editado por Anônimo às 10/27/2006 07:41:00 AM |
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