Por Adriana Vandoni
Nada mais providencial e ameno para o PT e para Lula, que aparecer agora, a poucos dias do segundo turno, Dirceu como comandante da quadrilha do dossiê forjado. Não que ele não seja capaz disso. Claro que é capaz de coisas até piores. Mas veja bem, Dirceu não tem mandato, não tem participação declarada na campanha de Lula e mesmo que seja indiciado, não será impedido de assumir um ministério em um eventual segundo mandato. Será apenas mais um. Ou seja, responsabilizar Dirceu é conveniente demais.
Continuo com minha dúvida já escrita antes e que até agora não achei ninguém que pudesse me responder. É indiscutível que os Vedoins são bandidos, e a palavra deles vale tanto quanto titica de galinha, mas o que existe de fato é que alguém tentou comprar um dossiê forjado para prejudicar as eleições nacionais. Isso é fato e é o que deve ser esclarecido.
Pois bem, no dia 21 de setembro, ou seja, apenas seis dias após terem estourado a trama do dossiê forjado, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma matéria contando que ela havia começado três semanas antes, durante uma visita de Valdebran aos Vedoins na carceragem da Polinter, em Cuiabá. Segue a matéria: “Um advogado, ainda não identificado, telefonou para o engenheiro [Valdebran] e pediu a ele que fosse visitar os Vedoin, donos da Planam, na cadeia”.
Uma outra matéria do mesmo dia, mas da Agência Folha diz que “Valdebran contou à PF que, a pedido de um advogado cujo nome ele disse não recordar, visitou Vedoin na carceragem da Polinter, em Cuiabá (MT)”.
Está claro que existiu um tal advogado que pediu para que Valdebran fosse até a Polinter conversar com Luiz Antonio, e esse não é Gedimar que foi preso junto. Então quem é?
O delegado Edmilson Pereira Bruno que os prendeu em São Paulo foi afastado do caso por se tratar de uma investigação já iniciada em Cuiabá, e até aí eu entendo, mas eles disseram algo ao delegado, ou não? Eles teriam ficado mudos até serem transferidos para Cuiabá? Onde está a declaração ou esclarecimento prestado ainda em São Paulo?
No relatório do delegado Diógenes Curado, divulgado na sexta passada, na terceira página ele diz: “Em suma, Valdebran disse ter sido chamado por Luiz Antonio Vedoin e Darci Vedoin, que disseram que quando saíssem da prisão iriam procurá-lo para que auxiliasse na entrega de um documento que teria como contrapartida um pagamento”. Uai, mas o cara disse que foi visitar os Vedoins a pedido de alguém e esse alguém sumiu?
Outra pergunta: duas semanas antes de serem presos, uma empresa de táxi-aéreo de Campo Grande – MS, de propriedade de Eduardo Zanchetti foi procurada por uma pessoa do PT para transportar uma pessoa de São Paulo para Cuiabá. Se Zanchetti não fez o serviço porque o contratante achou o porte do avião pequeno, quem fez?
É preciso estômago de ema para agüentar tudo isso. É muita nojeira. Essa balela toda de descobrir casa de câmbio, os laranjas, o aeroporto e envolvendo apenas os que são, reconhecidamente, da confiança de José Dirceu, tudo isso não vale nada, é apenas uma manobra para afastar a gangue de Lula.
Esta é republiqueta de banana mesmo. Estamos vendo, ao vivo e a cores, que uma quadrilha esteve por três anos dirigindo o país e ainda pode ser reconduzida ao poder!, manipula a Justiça brasileira como se ela valesse tanto quanto as palavras dos Vedoins. É o reconhecimento de que em meu país o crime compensa.
Diferente do que já disseram Mercadante, Biscaia e Thomaz Bastos, a elucidação do caso dossiê não é uma questão político-eleitoral, é uma questão básica! Podemos deixar que essa quadrilha continue com o comando de todas as instituições brasileiras? Isso é uma questão que está ou deveria estar acima das disputas políticas.
Qual a respeitabilidade de um país governado por um homem, indiscutivelmente ligado a tantos criminosos, e tal qual eles sub judicis?
Se essa não é a preocupação, então tá, o culpado é Dirceu! E eu, sou trouxa!
Editado por Adriana às 10/24/2006 04:22:00 PM |
 
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