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TENSO, LULA TEME SEGUNDO TURNO
Por Kennedy Alecar na Folha de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao primeiro turno da eleição à beira de um ataque de nervos. Nos bastidores, tem oscilado entre momentos de angústia, quando desanima e se isola para refletir, e outros de raiva, soltando palavrões pela contrariedade com o risco de perder uma reeleição que parecia assegurada depois de ter sobrevivido ao escândalo do mensalão.
A pesquisa Datafolha divulgada na noite deste sábado mostra um cenário de indefinição: vitória de Lula no primeiro turno ou realização de uma segunda etapa na qual o petista teria de enfrentar o tucano Geraldo Alckmin.
No Datafolha, Lula teria 50% dos votos válidos contra 50% da soma dos adversários. Em eventual segundo turno, o petista teria 49% contra 44%. Ou seja, diferença muito pequena e que poderia ser revertida em um mês.
É um momento muito ruim para o presidente, que demonstra ter sentido o golpe em conversas reservadas. Irritadiço e cansado, avalia que o dossiêgate foi, sim, o responsável pela perda do favoritismo que ostentava nas pesquisas até uma semana atrás. O episódio reacendeu uma poderosa agenda negativa na hora H.
Nesse contexto, o presidente e seus principais auxiliares avaliavam no final de semana que o mais provável era a possibilidade de segundo turno. E temiam essa segunda fase, cujo resultado julgam 'imponderável'.
Quem disputa a reeleição e enfrenta um segundo turno corre sério risco de derrota. A tendência é o eleitorado dos oposicionistas se unir contra o situacionista. No PT, há especial curiosidade para saber qual destino tomará o eleitor de Heloisa Helena (PSOL), que marcou 9% dos votos válidos no Datafolha. Cristovam Buarque teve 2% dos válidos, e os demais candidatos, 1%.
Estatiscamente, Lula tem chance de liquidar a fatura hoje, mas, como ele vem perdendo cacife pouco a pouco, a possibilidade maior é haver uma segunda fase. A vitória em primeiro turno, se acontecer, tende a ser no olho mecânico.
Em qualquer cenário, o presidente se afastará um pouco mais do PT. Ele sabe que tem parcela de responsabilidade pelos erros do governo e do partido, mas culpa principalmente o PT pelos dissabores que enfrentou na administração e na reta final deste primeiro turno.
Se vencer hoje, diminuirá o peso da própria legenda na formação de um novo governo e das novas alianças para formar maioria parlamentar. Se enfrentar um segundo turno, fará uma campanha algo distante do próprio partido e muito voltado para a suas realizações sociais. Ou seja, figurino 'pai dos pobres' e ataques com comparações entre a sua gestão e os oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso. Lula será obrigado a descer do pedestal e ir para o ringue contra Alckmin.
Em qualquer dos dois cenários, o presidente dará tratamento diferenciado aos líderes da oposição, acenando para os mais moderados que não têm interesse na vitória de Alckmin, como José Serra e Aécio Neves, e chamando de 'golpistas' e 'conspiradores' os dirigentes mais radicais, como FHC e os presidentes do PSDB e do PFL, respectivamente os senadores Tasso Jereissati (CE) e Jorge Bornhausen (SC).


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/30/2006 10:14:00 PM      |