Por Ralph J. Hofmann
Noite fria nos Pampas. Garoa, um vento uivando. Geralmente eu gosto de vento uivando, mas hoje... Hoje me deprime. O excesso de arroz de carreteiro e alguma coisa no vinho e na canha consumida me causam um estranho mal estar. Olho para as revistas da semana empilhadas, vejo apenas fragmentos de frases. .... 150 aviões de ataque, estatização, ...refinarias, .... fronteiras. Passo no banheiro, tomo uma Essência Olina, mas nada funciona. Vou à sala, tomo um cálice de bitter, e começo a arrotar. Finalmente aliviado me deito e começo a sonhar. Vejo um índio de fraque furibundo à minha frente. Me dou conta que estou de fraque também. Devo ser um alto funcionário do Itamaraty pela sensação que tenho. Digo: Senhor embaixador da Bolívia, o meu governo me autorizou a pedir desculpas. Os dois foguetes que destruíram suas refinarias essa semana não foram propositais. Que é isso. Estávamos meramente destruindo algum armamento tomado de contrabandistas na fronteira. Esse foguetes decolaram e entraram em território boliviano. Teremos o maior prazer em lhes entregar os contrabandistas para que os façam pagar pelos crimes cometidos. Lamentamos o fato de ficarem sem as suas refinarias. Ah, senhor embaixador. Quanto ao seu carro roubado, a policia de Brasília localizou seu Mercedes Benz. O Sr. ficará feliz em saber que achamos todinho. Basta os Sr Mandar pegar no depósito da polícia. É bom mandar um mecânico, pois cremos que levará uns dias para montá-lo pois foi totalmente desmontado. Mas não falta nem mesmo a chave de ignição. Acordo feliz. Acho que vou ter de anotar esta marca de bitter. Ou melhor, vou mandar uma garrafa para cada um dos comandantes militares brasileiros.
Editado por Ralph J. Hofmann às 9/17/2006 06:17:00 PM |
|