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SÓ CAMANDO FELIPE, O BELO
Por Carlos Chagas ne Tribuna da Imprensa
Não dá para entender porque a Polícia Federal, a Abin, o Ministério da Justiça, o Ministério Público, o Poder Judiciário, o Banco Central, a banda boa do PT, até o presidente Lula, que denuncia Judas e Tiradentes, permanecem incapazes de identificar a origem do dinheiro destinado à família Vedoim para comprar documentos pretensamente envolvendo José Serra no escândalo dos sanguessugas. Afinal, o corpo de delito existe: são as notas de reais e de dólares no hotel Ibis, em São Paulo, hoje em poder da Polícia Federal.
Os personagens que guardavam o dinheiro num apartamento do hotel também têm nome e endereço, foram até presos por cinco dias: Valdebran Padilha e Gedimar Passos, este integrante do serviço de inteligência da campanha de Lula, aquele arrecadador de recursos para o PT em Mato Grosso. Até mesmo estão identificadas as agências de onde os reais foram retirados, assim como se apurou que a parte em dólares entrou ilegalmente no Brasil.
Conhecidos são os negociadores: Ricardo Berzoini, presidente do PT, que sabia e autorizou a operação de compra do dossiê. Osvaldo Bargas, ex-chefe de gabinete de Ricardo Berzoini, coordenador do programa de governo do presidente, intermediário na compra do dossiê. Jorge Lorenzetti, churrasqueiro de Lula, chefe de inteligência da campanha da reeleição, negociador para a compra do dossiê, também fundador e responsável por uma ONG que só no governo Lula recebeu R$ 18 milhões dos cofres públicos para executar não se sabe bem que trabalho.
Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, atuando na área de inteligência da campanha da reeleição, também intermediário na compra do dossiê, acusado de ter quebrado o sigilo bancário da família Vedoin, descobrindo negócios dela com o empresário Abel Pereira, beneficiário de contratos com a prefeitura de Piracicaba, cujo prefeito é Barjas Negri, sucessor de José Serra como ministro da Saúde. Hamilton Lacerda, coordenador da campanha de Aloísio Mercadante, a quem o dossiê seria entregue. Freud Godoy, ex-assessor-especial do Planalto, em nome de quem o dinheiro foi entregue a Passos e a Padilha.
Por que, então, ignoram ou omitem a origem do dinheiro? Não sabem mesmo quem trouxe os dólares dos Estados Unidos? A quem pertenciam as contas em reais, nas agências bancárias já identificadas no Rio? Quais os responsáveis pelas transferências? Quem retirou, recolheu e transportou os reais?
Se posto em liberdade o diabo que habita o recôndito de cada um de nós, a saída seria reunir os cidadãos acima referidos num auditório sem teto, com portas e janelas muradas, expostos à chuva, ao sol e ao sereno, sem comida, com a recomendação de se apressarem para deslindar toda a lambança.
O exemplo vem da Idade Média, quando Felipe, o Belo, rei de França, cansou-se de ver os cardeais reunidos em Avignon, entre festas, banquetes, até orgias, sem escolher o novo Papa. Um ano se passou e o monarca perdeu a paciência. Prendeu todos numa capela, da qual mandou retirar o teto e murar portas e janelas. Só seriam libertados depois de conhecido o novo Pontífice, o que aconteceu em uma semana. Bem que até domingo ainda daria tempo...


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/27/2006 11:42:00 AM      |