Por Marcelo Euler em O Estado de São Paulo Uso eleitoral preocupa ministro, que não quis polemizar com Tasso e Bornhausen sobre apuração do caso O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acredita no envolvimento do assessor Freud Godoy na tentativa de compra do dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. A opinião foi revelada ontem pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos: 'Em relação ao Freud , o que o presidente disse é que não acredita no envolvimento. Mas, se ele estiver envolvido, será investigado e indiciado ou inocentado.' Bastos já falara com Lula por telefone e ontem conversou pessoalmente com ele, antes de seu embarque para Nova York. Segundo o ministro, o presidente já tinha se mostrado indignado. 'Ele não compactua com isto, usou esta expressão: não contem comigo para fazer uso de dossiês', relatou. 'Basta lembrar do dossiê Cayman, que era um dossiê vendido contra o próprio Serra, contra o presidente Fernando Henrique e o governador Mário Covas , que o Lula recebeu e se recusou a usar. Se recusou a usar, peremptoriamente, porque ele não gosta e não compactua com isso.'
O ministro garantiu que a Polícia Federal fará uma investigação isenta e rápida. 'Com certeza não há ninguém acima da lei, ninguém fora da lei. Vivemos num regime republicano e democrático. As pessoas têm que ser investigadas.' Sua preocupação maior, assim como a do diretor da PF, Paulo Lacerda, segundo assessores, é não permitir uso eleitoral do caso. Bastos insistiu nisso. 'Não se pode é fazer disto uma vantagem eleitoral. Querer fazer estrépito, querer fazer jogo de cena. Isto já aconteceu no passado e não deu certo. É preciso uma investigação firme, forte e rápida.' Ele não quis polemizar diretamente com os presidentes do PSDB, Tasso Jereissati, e do PFL, Jorge Bornhausen, que puseram em dúvida a isenção da investigação. 'Neste momento em que a atmosfera eleitoral está incendiada, principalmente pela grande vantagem do presidente Lula nas pesquisas, é muito difícil manter a calma e a serenidade. E é muito difícil trabalhar com impessoalidade e objetividade', disse. 'Mas acredito que a população possa esperar que a PF não permitirá nenhum uso eleitoral deste episódio. O episódio vai ser investigado e vai ser mandado para o Judiciário para que se punam os culpados e absolvam os inocentes.' Para frisar a isenção da investigação, ele lembrou que a PF é que começou a operação. 'Ela detectou aquele fato potencialmente criminoso, tomou todas as providências, prendeu as pessoas, ouviu as pessoas e agora está fazendo a investigação.'
Editado por Giulio Sanmartini às 9/19/2006 01:16:00 PM |
|