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LACERDA NEGA SER O MOMEM DA MALA
Na Tribuna da Imprensa
SÃO PAULO - Em depoimento à Polícia Federal ontem, Hamilton Lacerda negou ter sido um dos portadores do dinheiro para compra do dossiê Vedoin. Ele insistiu em que a maleta que carregava nas imagens gravadas pelo circuito interno de segurança do Hotel Íbis, em São Paulo, continha apenas material de campanha, roupas e um laptop. Ex-coordenador de comunicação da campanha do candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, ele depôs por cerca de quatro horas na superintendência da PF em São Paulo.
Lacerda foi identificado pela PF como o homem que teria levado dinheiro aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos dia 15 no Íbis. Segundo seu advogado, Alberto Zacharias Toron, Lacerda negou saber de "qualquer" negociação financeira ou de venda do dossiê. Mas Toron confirmou a operação para divulgar o material. Ele isentou Mercadante de qualquer participação e responsabilizou o comando da campanha nacional do PT pela iniciativa de levar o material a público.
Segundo Toron, Lacerda declarou ao delegado Diógenes Curado Filho que foi chamado a Brasília por Jorge Lorenzetti, chefe do núcleo de inteligência da campanha do presidente Lula, "para discutir se seria possível divulgar um eventual material de repercussão na campanha".
Apesar das respostas negativas, a PF não mudou de opinião sobre o envolvimento de Lacerda no caso. Segundo uma autoridade que acompanha as investigações, as imagens do hotel são claras. Lacerda carregava uma sacola ao entrar e não uma maleta de computador. Mas, segundo esta fonte, por falha da PF, a sacola não foi apreendida, embora estivesse no local, abrindo uma brecha para a defesa. Toron disse que seu cliente esteve duas vezes no Íbis, em dias diferentes.
Em um deles, levou folhetos de campanha, boletos para recolhimento de contribuições e roupas. No outro, o computador, que seria usado para examinar um DVD. Tudo teria sido entregue a Gedimar. Ao depor à PF, Gedimar afirmou que recebeu o dinheiro das mãos de dois portadores dia 14.
Curado, o procurador da República Mário Lúcio Avelar e o procurador-regional eleitoral, Pedro Barbosa ouviram ontem também Freud Godoy, ex-assessor do presidente Lula. Segundo Toron, Lacerda negou ter tido contato com Freud, apontado por Gedimar como mandante do pagamento pelo dossiê. O ex-assessor de Lula repetiu que seus contatos com Gedimar foram comerciais, relacionados à prestação de serviços de segurança.
Segundo seu advogado, Augusto Arruda Botelho, Freud respondeu a todas as perguntas feitas nas duas horas e meia de depoimento. "Está cada vez mais claro a não participação dele neste caso", disse. A PF confrontou as declarações do ex-assessor com as três ligações descobertas na quebra de sigilo telefônico de Gedimar.
Segundo Botelho, elas se referem aos serviços prestados pela empresa da mulher de seu cliente no comitê da campanha de Lula em Brasília. "Todos os contatos foram no mês de agosto e o último encontro pessoal foi dia 29, na sede do PT em São Paulo", disse. Freud admitiu conhecer Jorge Lorenzetti, mas garantiu que também nesse caso os contatos se referiam a serviços da campanha.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/30/2006 03:52:00 AM      |