Por Tânia Vieira no Jornal do Brasil Para evitar prejuízos eleitorais, governo debita na conta do presidente do PT responsabilidade pelo mais recente escândalo do partido O Palácio do Planalto colocou o presidente do PT e coordenador-geral da campanha à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, deputado Ricardo Berzoini, no centro da crise iniciada com a descoberta de envolvimento de petistas na compra de dossiê contra os candidatos do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra. A fim de evitar prejuízos eleitorais para Lula, o ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, fez questão ontem de debitar na conta do PT a responsabilidade pelo episódio. Além disso, cobrou do comando do partido uma explicação rápida para os fatos. - Este episódio não tem nada a ver com Brasília nem com o Palácio do Planalto - disse Genro. - O PT precisa dar explicações sobre seus militantes, pois isso está causando reflexos ao presidente.
O ministro classificou o episódio como ''ilegal, inaceitável e totalmente prejudicial ao processo político democrático''. Declarou ainda que os petistas envolvidos deveriam ser afastados imediatamente do partido. Genro falou com a imprensa pouco antes da divulgação de nota da revista Época informando a participação de Oswaldo Bargas - ex-assessor de Berzoini no Ministério do Trabalho e responsável pelo capítulo de Trabalho e Emprego do programa de governo de Lula - e Jorge Lorenzetti, assessor de risco e mídia da campanha, na negociação do dossiê contra os tucanos. Segundo a nota, há duas semanas Bargas e Lorenzetti - figura próxima ao ex-ministro José Dirceu - ofereceram à revista o contato de uma pessoa que teria ''denúncias sérias contra políticos de renome''. No encontro, informa a revista, os dois petistas afirmaram que a oferta do dossiê ''não tinha nada a ver com o PT nem com o governo''. Mas, segundo Bargas, Berzoini sabia do encontro, embora não tivesse conhecimento do material. Antes da divulgação da nota, assessores de Lula não escondiam a insatisfação com o desempenho de Berzoini no episódio. Consideraram a entrevista do presidente do PT, na segunda-feira, fraca e criticaram sua demora para afastar os integrantes do partido envolvidos no caso. Na entrevista, Berzoini negou o envolvimento do PT com a negociação do dossiê e levantou a hipótese de ''armação'' contra a campanha. Ontem, em nota divulgada no começo da noite, Berzoini admitiu que sabia que um integrante da campanha procuraria a revista, mas afirmou que jamais teve ''ciência do conteúdo abordado''. A nota informa ainda que Jorge Lorenzetti desligou-se da campanha.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/20/2006 02:30:00 AM |
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