Por Laurence Bittencourt Leite Platão escreveu que tudo que existia no mundo sensível (material) era uma cópia imperfeita de um original que só existia no que ele chamou de mundo das idéias. Condenou o mundo físico dizendo que não passava de ilusão. Estava lançada as bases do cristianismo futuro. Mas para ser mais preciso, todas as religiões se valem dessa fornada, incluindo o espiritismo. E foi Aristóteles que, tudo leva a crer era hetero no sentido exclusivo, que refutou as idéias de Platão, mostrando a importância e o valor do mundo material. Entrou para a história como o pai da ciência física. E foi claro Santo Agostinho que usou e abusou de Platão para justificar suas teses da divindade, cabendo a São Tomás de Aquino fazer o mesmo com Aristóteles. Como disse o filósofo Bertrand Russel, há mais dois mil anos (mais de 2006, precisamente) que o mundo vive sob o legado de Aristóteles. Como isso é velho e antigo meu deus. Como é.
Mas porque estou dizendo isso? Por que é fácil constatar num país como o nosso a gama de falta de originalidade, a quantidade de cópias que se espalham e crescem como capim entre nós. Aqui mesmo em Natal, para quem tem algum grau de cultura é fácil constatar e perceber cópias mau ajambradas (pior do que imperfeita) de originais que já passaram dessa para melhor. Mas é isso ai. Freud escreveu que quando se precisa de “imagens” externas par nos por de pé, é porque a de dentro não existe ou está muito danificada. Toda cópia merece seu modelo. Fiquei imaginando isso também vendo o que ocorreu com o PT (de Lula, como perguntou o jornalista Woden Madruga?) e com Lula (do PT? Ou não seria mais? Só no Brasil para acontecer de um candidato ser candidato “sem partido”, seria isso um progresso?). Agora podemos ter a cópia do Lula se Heloisa Helena chegar ao segundo turno. E os dois são cópias imperfeitas do liberalismo (ou seria do neoliberalismo?). Claro, como não temos liberais autênticos (os do nosso Estado? Jesus! Humm, cala te boca?) termina-se cedendo espaço para as cópias imperfeitas. E tome corrupção. E haja denúncias sem que ninguém vá preso. E os mesmos que cobram ética e prisão em outros casos, silenciam, e até apóiam (votam) nesse antro de corrupção atual. Mas é bom não esquecer (e eu sei disso) que a corrupção dessa gente, no fundo já é outra cópia (imitação) do passado. Mas perai. Há diferenças sim. Collor não amarra nem as chuteiras do que ocorreu com o Lula e seu governo. Para não falar de FHC. Então por que Lula não foi posto para fora? Humm. Cala-te-boca. Como eu disse outro dia, a história no Brasil se repete, se repete, se repete. É um moto continuo, como na música “Pedro Pedreiro” esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem., de Chico Buarque de Holanda. Ou se você for um pouquinho mais culto, pode usar como metáfora a peça de Samuel Bechket “Esperando Godot”. No final, os maltrapilhos continuam esperando, esperando, esperando, o mundo futuro. No Brasil, parece que nunca entramos no estágio Aristotélico, continuamos no platonismo. Adoramos isso. Também se compreende: quem quer perder a boquinha, e dos familiares? O PT trocou os familiares pelos “companheiros”. Lula diz que dá aos pobres. Os pobres é que dão aos “companheiros”. Mas por falar nisso, foi Platão que condenou os poetas a entrarem na sua República ideal, por serem os poetas (basta ler Aristófanes em “As nuvens” dizendo que Sócrates vivia no mundo das “nuvens”) indóceis a ordem total. Platão era um idealista. Bom, mas outro dia vi a governadora dizendo ser uma “idealista”. Humm. Nem é bom pensar. Agora se explica o que ocorreu na Fundação José Augusto aqui no Estado. Cultura é só o mote para ganhar o voto. Depois de ganho...Como pensar em mudar tudo isso? A boquinha é boa e sustenta as “famílias”.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/18/2006 11:37:00 AM |
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