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DESTINO DE CUBA
Editorial em O Globo
O dia que abriu o mês de agosto foi o primeiro sem Fidel Castro no timão em Cuba nos últimos 47 anos. A 13 dias de completar 80 anos, o terceiro mais longevo chefe de Estado do mundo fez uma extraordinária comunicação aos cubanos e ao mundo de que uma séria complicação intestinal o obrigaria a passar o poder ao irmão, Raul, cinco anos mais moço e primeiro na linha de sucessão.
No documento, duas frases clamam atenção: “minha saúde se quebrou” e “peço a todos que a celebração de meu aniversário seja adiada para 2 de dezembro”.
Se a saída de cena de Fidel Castro será breve ou se ele está sendo otimista em relação à nova data para a festa de aniversário, só o tempo dirá. O que se pode dizer é que ditaduras fechadas e personalistas, com sucessão familiar, tendem a implodir com o enfraquecimento ou o desaparecimento de seu líder máximo.
Raul Castro, que acompanha o irmão desde a primeira tentativa, em 1953, de derrubar a ditadura de Fulgencio Batista, é visto hoje como mais pragmático do que ele em relação ao futuro da Revolução Comunista em Cuba, e poderia levar o país a adotar o modelo chinês de partido único com uma economia relativamente aberta.
Mas isso pode não ser suficiente para resistir ao enorme desencanto dos cubanos com as vicissitudes que o regime lhes impôs e com as pressões a que esse regime é submetido como uma espécie de museu soviético em decomposição — Cuba disputa com a Coréia do Norte o duvidoso título de país mais fiel a uma era já envolta pelas brumas da História e que continuam a oprimir os respectivos povos.
É a ambigüidade em que vivem regimes mofados como o de Fidel. Aparentemente indestrutíveis, têm os pés de barro ao dependerem de uma só pessoa — um ditador aparentemente incapaz de crer em sua própria finitude.
O regime castrista, condenado pela brutalidade com que age contra os oponentes, ganhou algum espaço na diplomacia latino-americana com a chegada de simpatizantes ao poder em países como o Brasil, Venezuela e Bolívia. Mas nada parece garantir a perpetuidade de um regime anacrônico cuja sobrevivência depende de uma única pessoa.




Editado por Giulio Sanmartini   às   8/02/2006 01:46:00 AM      |