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DEBATE LONGO E SONOLENTO
Por Onofre Ribeiro
Assisti ao longo e sonolento debate entre os candidatos a governador de Mato Grosso, promovido pela Tv Record, de Cuiabá, nesta terça-feira, dia 22. Logo e sonolento!
Esta eleição está bem doida quando comparada a outras anteriores. O movimento de rua é mínimo e quase só os programas eleitorais gratuitos preenchem aquele vasto imaginário que já emocionou tantos eleitores.
O que se esperava do debate de terça-feira era a repetição de outros, quando a adrenalina ia a mil, e uns esperneavam e outros atacavam com a mágica da esgrima. O debate foi frio, às vezes morno e, em nenhum momento, esquentou.
Os candidatos Antero Paes de Barros e Serys Marli, que sempre foram o terror dos debates estavam encurraladas nas suas cadeiras. A senadora, com olheiras e desarticulada na sua fala. Logo ela, que sempre foi muito ferina e temida quando fala. O senador Antero, homem do rádio e da tv, com extrema habilidade no uso das palavras, se atrapalhou com as frases e esquecia palavras no meio do raciocínio. Não teve uma linha de raciocínio.
Bento Porto, um político experiente e técnico reconhecido, não disse coisa com coisa. Parecia encurralado no brete do sacrifício. Os dois candidatos, procurador Mauro e Josmar Alderete, fizeram o acessório do debate. Mauro, com um vocabulário muito pequeno, rodava e acabava sempre na expressão “mesmice”. Tentou provocar Bento Porto, que tentou revidar com energia e depois esmoreceu. Josmar, uma figura simpática de cabelos grisalhos e óculos de professor, se não estava rindo de todo mundo, então, fez uma apresentação como representante do “Senhor Jesus”, e nada mais.
O governador Blairo Maggi, foi de longe o mais preparado. Sangue frio, riu das acusações e deu respostas com números. No final, nas considerações de encerramento desmentiu o senador Antero em relação aos incentivos fiscais concedidos à empresa Planam, como tendo iniciado em 2001.
Realmente, se as eleições se definissem a partir daquele debate, Blairo Maggi estaria reeleito. Ficou claríssimo que debate é um instrumento superado, porque, de algum modo, ele lembra os palanques de comícios que foram extintos nesta eleição. Daqui para a frente, certamente só participará de debate alguém em profundo desespero.
No mais, não fará o menor sentido aquelas discussões superficiais, vazias e as tentativas de críticas civilizadas cercadas de rapapés como “vossa excelência” pra cá, “vossa excelência” pra lá e, do lado de cá, um eleitor crítico achando tudo aquilo profundamente ridículo.
Se os debates já não servem mais como instrumento de mídia eleitoral, o eleitor deve estar se perguntando o que os candidatos devem fazer. Tenho acompanhado os programas eleitorais da disputa presidencial. O candidato Lula está dando de 10 nos demais. Ele usa a linguagem do presente “estamos fazendo...”, “o povo está comendo...”, “nosso governo está realizando”. Alkmin lembra seu governo em São Paulo e sua carreira política que parece tão triste à base do “quando fui prefeito”, “quando fui governador”, etc.
A mesma coisa vale para Mato Grosso. Os eleitores querem saber do presente e, muito mais, do futuro! Não de debates sonolentos e compriiiiiiiiiiiiiidos!


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/24/2006 02:27:00 AM      |