por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa Notícia dada por esta coluna ontem mostra o quanto o PT teme as eleições de outubro. Ao esconder seus candidatos durante certo tempo, no horário gratuito de TV, nada mais transmite do que a certeza de que o partido sairá muito machucado das urnas. Mas, diga-se, é resultado de uma opção que fez. Quando o presidente Lula demonstrou que o PT era mais importante de que seu próprio governo, ao deslocar Tarso Genro do Ministério da Educação para a presidência interina da legenda, pensou-se num corte generalizado de cabeças. Era, aliás, o mínimo que se esperava de uma legenda que sempre se apresentou como imaculada e imune ao jogo pesado do poder. Disse Tarso, logo que assumiu, que quem estivesse envolvido em escândalo não teria espaço dentro do PT para se recandidatar. Vejam bem a seriedade da proposta: foi apresentada à sociedade independentemente dos julgamentos no Conselho de Ética da Câmara e as absolvições no plenário da Casa. A idéia era purgar os maus personagens como se combate bactérias, pois mais importante é a saúde do corpo. Tarso, porém, logo se viu confrontado pelo Campo Majoritário, que não aceitava a limpeza em regra. E de presidente-tampão do PT simplesmente jogou a toalha por notar que ia para um lado e o partido, para outro. Assume Ricardo Berzoini, secretário-geral, que logo trata de pôr panos quentes. O ex-ministro da Previdência se mostra a figura ideal para tocar o partido. Apaziguador, chuta para o futuro a possibilidade de os mensalistas não obterem legenda. Prefere deixar a decisão quando a Câmara se pronunciar em definitivo. Neste meio tempo, o PT se fecha em torno de si mesmo para salvar os companheiros acusados e recebe sinal verde do Palácio do Planalto, que corre por fora acenando para os demais integrantes da base que preservar os petistas acusados pode lhes render suculentas fatias do poder. Negocia ainda com o PSDB e PFL, num jogo em que todos se nivelam por baixo, benefícios para o deputado Roberto Brant (PFL-MG) e para o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em relação às votações que absolvam um e poupem outro da ira da CPI dos Correios. Agora o partido é obrigado a montar uma estratégia de proteção para que alguns de seus candidatos, sobretudo em São Paulo, não prejudiquem o PT de alto a baixo. Escondem José Mentor, João Paulo Cunha, Ângela Guadagnin e outros para que não tirem votos de Lula e de Aloízio Mercadante. Trata-se de um remédio de eficiência duvidosa contra a contaminação que se espalhou pela legenda. Pouco resolverá tais personagens se apresentarem como injustiçados, perseguidos, pois vão levar a si e a outros de roldão. Os cálculos que se faz é que o PT, dos cerca de 80 deputados de que dispõe hoje, perde pelo menos umas 30 cadeiras. Malandramente Lula se descolou do partido, afirmando que, se conseguir um segundo mandato, será "ecumênico". O que representa ampliar os espaços do PMDB justamente em cima daqueles ocupados hoje pelos petistas. Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/18/2006 11:20:00 AM |
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