Por Jayme Copstein
Conversei com o jornalista Nahum Sirotsky, um dos mais bem equipados correspondentes internacionais, sobre os recentes acontecimentos do Oriente Médio. Eu lhe manifestei preocupação porque o noticiário divulgado no Brasil tem nítidos sinais de distorção. Houve coisas ridículas como o desleixo do Jornal do Brasil, em sua página na Internet, estampando, em lugar de título, a recomendação: “Culpar Israel”. Mas há exemplos piores, como as contradições de noticiosos da Rede Globo, quer em seu canal aberto, quer na GloboNews. Seguidamente vão para a tela imagens de um foguete atingindo um edifício em zona residencial, em cujo terraço o Hizbollah instalara uma plataforma de lançamento, segundo informação do repórter da própria Globo, Marcos Losekan. Tinha sido fornecida pelo Exército israelense, para mostrar a precisão na mira do alvo, evitando, tanto quanto possível, danos a outros prédios e a civis. A informação só apareceu em um boletim. Em seguida escamoteada do noticiário e a imagem hoje é usada para ilustrar qualquer bombardeio israelense. Ontem mesmo, ao relatar o recrudescimento das ações, a Globo afirmava na chamada que, após 24 horas de calma, Israel havia retomado os bombardeios e com isso desencadeado o revide do Hizbollah. No corpo da matéria, entretanto, o repórter Marcos Losekan, afirmava que voltando o Hizbollah a atacar com mísseis, Israel revidara, retomando os bombardeios. O direito à opinião é de todos. Vivemos em uma democracia. É tão irrestrito quanto o que todos temos, independemente de nossas simpatias ou ojerizas, a informações imparciais. Foi por isso que conversei com Nahum Sirotsky, que vive em Israel. Ele diz: “Em Haifa, há poucos instantes, caíram 15 misseis sobre uma mesma área com grande destruição e sem vitimas. Foram mais de mil, até agora, os mísseis lançados contra centro urbanos de Israel, não poupando nem mesmo Nazaré, a cidade onde nasceu Jesus, e de população predominantemente árabe. Os religiosos judeus insistem que a reduzida perda de vidas é um milagre. Com tão intenso bombardeio, apesar da grande destruição que esses mísseis provocam, os mortos são apenas 20. Explica-se: ao longo dos anos, os israelenses construíram um sistema de abrigos subterrâneos, nos próprios edifícios residenciais. Nos prédios mais recentes há inclusive um quarto que se isola do exterior para a hipótese de ataque por armas químicas e biológicas. Assim mesmo o número de feridos é grande. Os números de baixas, do lado do Líbano, não são conhecidos com precisão. Há muita informação desencontrada. Calcula-se que haja 300 mortos, mas a extensão da tragédia pode ser medida, entretanto, pelas centenas de milhares de libaneses que deixaram seus lares, para fugir dos horrores da guerra. O impasse para o cessar fogo está em chegar-se a um acordo que não favoreça a imagem do Hisbollah. Seu objetivo único e declarado é a destruição de Israel. Não há como conviver com isso.” São informações objetivas, sem distorções.
Editado por Adriana às 7/26/2006 09:28:00 AM |
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