Por Dora Kramer em o Estado de São Paulo Índices nas pesquisas operam milagres, curam feridas e alteram convicções A última rodada de pesquisas dos institutos que periodicamente medem os humores do eleitorado provocou uma mudança de comportamento nas campanhas dos dois principais candidatos a presidente e, em alguns casos, alteraram-se até firmes convicções.No mínimo, temos uma demonstração de como a instituição pesquisa de opinião pesa cada vez mais numa eleição a ponto de ser, hoje, o fator primordial na condução das campanhas. Isso em relação ao público externo e também ao interno.O candidato tucano Geraldo Alckmin, por exemplo, deixou de receber tantos conselhos de aliados e correligionários desde que subiu alguns pontos nas pesquisas. Antes, Alckmin vivia ouvindo "lições" do que fazer para melhorar o desempenho.Depois da subida - ainda modesta diante da pretensão da aliança PSDB-PFL - Alckmin deu-se ao direito de ouvir menos e falar mais. Neste quesito, seu movimento mais evidente foi o recuo na defesa do fim da reeleição.Ele é a favor da manutenção da reeleição mas, diante da necessidade de conquistar apoio entusiasmado dos correligionários José Serra e Aécio Neves, dois postulantes à candidatura para presidente em 2010 e, portanto, contrários à reeleição, andou declarando-se contrário.Pois bastaram uns pontos a mais nas pesquisas e o tucano voltou à opinião anterior; ao que consta, verdadeira.Em função dos números, os companheiros de aliança passaram a olhar o candidato com mais respeito e gente antes distante passou a freqüentar as reuniões do antes esvaziado conselho político da campanha.Na última estavam lá, disciplinados, Antonio Carlos Magalhães e César Maia.Na seara petista, os índices de Alckmin não provocaram tanta movimentação quando os pontos a mais de Heloísa Helena.A tese da vitória no primeiro turno, antes tida e havida como a verdade universal, foi arquivada em favor de uma torcida sutil para que o presidente Luiz Inácio da Silva dispute a final com a senadora do PSOL.Execrada nos bolsões mais duros e radicais do governismo, Heloísa Helena passou até a ser objeto de arrependimentos pela expulsão do PT em dezembro de 2003.A pesquisa teve o mágico efeito de dar a luz a penitentes que agora reconhecem que a punição extrema pode custar caro, pois, se o oponente do segundo turno for Alckmin, Lula precisará do apoio da senadora.Por isso ele mesmo já providenciou a disseminação da versão segundo a qual a culpa de tudo foi única e exclusivamente de José Dirceu. Ele, Lula, era contra.É assim a natureza humana. Tarda mas não falha.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/26/2006 08:35:00 AM |
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