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PURO DEMAIS
Por Pedro Oliveira (*)
Muito cuidado. O PSOL precisa ter muita cautela para não repetir a saga do petismo cínico travestido de vestal imaculada. Essa história de querer ser o mais ético de todos, o mais sério e o único acima do bem e do mal é conversa pra boi dormir. Todos conhecem a história de seus integrantes: uns mais sérios, outros nem tanto como em toda a classe política. Evidente que é aconselhável não se envolver com o dinheiro sujo de empresas corruptas e em negociações escabrosas, porém achar que todo dinheiro é podre e que qualquer colaboração vinda do empresariado deve ser encarada com segundas intenções e hipocrisia deslavada para enganar tolos e desmiolados. Heloisa Helena precisa saber que não é a única politicamente correta no meio dessa patifaria que é a política brasileira. Com discurso eminentemente “petista de outrora”, usando os mesmos chavões e lugares comuns da esquerda de botequim e porta de universidades não vai convencer ninguém a vota em sua minguada legenda. Pode com essa postura equivocada fazer murchar ainda mais a força política do seu partido, apresentando um resultado mais pífio do que se espera nas eleições.
Na verdade o PSOL pode fazer uma campanha sem muitos recursos, mas não deve querer dar uma de “Franciscano Tupiniquim” , pois para se locomover Brasil afora, para produção de seus programas eleitorais, material gráfico, honorários de profissionais e outras despesas de campanha terá que tirar dinheiro de algum lugar e se não tem em seus cofres, nem aceita doações de empresários só conseguirão fazer se roubarem ou contratarem o velho “Mandrake” , o que é a mesma coisa.
Os petistas de ontem, que gritavam nas ruas, que berravam em minoria nos plenários contra tudo e contra todos, muitos debandaram ou “foram debandados” para o desabusado PSOL. Com os que ficaram todos sabemos no que deu, mas estes mesmos que se “despetizaram” não podem se julgar imaculados, pois não há de se negar que a “ carne é fraca” e que todos estamos expostos às tentações do poder. Conheço de perto alguns seguidores da senadora Heloisa Helena que não são lá esse exemplo de dignidade e honradez. O time por ela liderado, como todos os demais partidos, tem de tudo: honesto, trapaceiro, golpista, pilantra e mensalista.
Não pense a ilustre candidata tupiniquim que o eleitor está disposto a encarar palavras de ordem e jogadas de marketing da feira de Caruaru como propostas merecedoras do voto. Conheço Heloisa de perto e tenho profundo orgulho de ser seu conterrâneo. É uma pessoa honesta, de princípios e de uma profunda coerência, mas nem sempre poderá escolher suas companhias, pois do contrário terminaria sozinha.
O Brasil está cansado de discursos e falácias. É preciso mostrar um programa de governo convincente, sem propostas mirabolantes ou presságios catastróficos. Não queremos o discurso de Fidel Castro ou Hugo Chaves, pois são retóricas de déspotas que enganam a todos. O Brasil não precisa de alguém que veja em todos os seus setores de desenvolvimento econômico uma ameaça a democracia e a cidadania. O eleitor não vai votar em ninguém que pense em fazer uma “revolução da hipocrisia”, desagregando as classes sociais e promovendo um confronto de idéias e ações. O Brasil quer muito mais.
(*) Pedro Oliveira é jornalista e presidente do Instituto Cidadão.
E-mail: pedrojornalista@uol.com.br


Editado por Adriana   às   6/22/2006 11:08:00 PM      |