Por Adriana Vandoni
Ah!, a vaidade ... se é benéfica quando razoável e racional, quando desmesurada faz a pessoa cometer loucuras, extrapolar a sensatez e cair na comédia. A ânsia de alguns por estar na mídia impressiona pela forma desenfreada que os levam a perder a noção da realidade e a subestimar a capacidade de percepção alheia. Existem vários níveis e tipos, desde aquela que criou um batalhão de mulheres esqueléticas e repuxadas, doentes e eternas descontentes, até a que faz o indivíduo colocar uma melancia na cabeça e ir ao shopping. Mas de todas as espécies de vaidade a pior é aquela vaidade que no lugar de cremes quer holofotes, manchetes e de quebra, e pior, votos. Sim, agora vocês entenderam, estou falando da vaidade e da histeria por mídia do político, ou do pretenso político.
Venho acompanhando o embate entre o presidente da MT Fomento com o deputado estadual Zeca D’ávila por causa de uma alteração na Lei que trata da constituição e funcionamento da MT Fomento. Luzes, luzes e luzes! Zeca parece ter sido escolhido a dedo para ser o trampolim de um palco. Nada mais que isso. A alteração feita pelo deputado, e questionada pelo presidente da MT Fomento, não proíbe o acesso ao crédito a pessoas físicas, como insistentemente o atual presidente da MT Fomento vem dizendo. O propósito da emenda do deputado Zeca D’ávila apenas amarra a Agência à sua razão de ser, isto é, um instrumento de transformação social. Assegura que empréstimos sejam concedidos “exclusivamente às micro e pequenas empresas, bem como aos mini e pequenos produtores rurais e suas cooperativas e outras formas de produção associativa”. Eis o ponto de controvérsia. Em hipótese alguma a emenda cerceia a MT Fomento de conceder crédito à pessoa física, ela apenas vincula a pessoa física a alguma associação, entidade de classe, cooperativa, enfim, estimula a organização da sociedade e tenta corrigir distorções tais como as já cometidas durante esses tão poucos anos de existência. Empréstimos foram concedidos a grandes empresas que tranquilamente teriam acesso a bancos comerciais. Transparência seria nomear as recebedoras de empréstimos, assim como uma satisfação à sociedade. Portanto, essa leitura de que a emenda prejudica a população, pode até ser considerada um simples equivoco quando feita por um leigo, mas, em se tratando do presidente da MT Fomento, um conhecedor do mercado financeiro, que fez sua carreira em instituições financeiras, interrompida nem sei por qual motivo e agora candidato a político, só posso entender como uma incontida e “pato-vaidosa” ânsia por notícia. Ele quase acertou! A polêmica chama a atenção e dá notícia, mas não sem a observância do princípio da razoabilidade. A vaidade não pode sobrepor ao bom senso, é preciso que haja discernimento. Aos desejosos de entrar na vida pública, um lembrete: se queres mesmo ser um candidato a político não esqueça que a vaidade exacerbada e incontida, é um veneno letal ao político, porque se por um lado ela se alimenta do poder de forma incomensurável, de outro impede a objetividade e induz à irracionalidade, e mostra aos espectadores o despropósito e contra-senso dos seus atos. O sociólogo alemão Max Weber dizia que a vaidade leva à auto-embriaguez de quem se diz exclusivamente a serviço de uma causa e é o caminho mais curto que se tem para chegar à demagogia. Ah, e tem outra, quando um ocupante de cargo público desejar distribuir release para contar, por exemplo, que “adotou como eixo de sua gestão o trabalho formiguinha e que isso demonstra responsabilidade, coragem e transparência blá, blá, blá, blá”, peça aos jornais que troquem as palavras. Não pega bem. Além de virar piada, fica na cara que a matéria vem da assessoria da instituição pública para promoção pessoal. Aos novos parlamentares fica a esperança de que esta nova legislatura consiga fornecer à sociedade de Mato Grosso respostas a situações dúbias que ficaram pra trás, como por exemplo, a CPI da Oficina Única. A transparência é um direito do cidadão.
Editado por Adriana às 1/28/2007 10:10:00 AM |
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