Tenho um amigo que quando rapaz namorou uma jovem que morava num bairro retirado do Rio de Janeiro. A moça era bonita mas tinha uma mentalidade bem tacanha, o caso não foi adiante e passaram-se alguns anos.
Eis que um dia a moça lhe telefona, papo daqui, papo dali e ela explicou que sumira pois passara um ano morando em Paris. Vejam só como é a vida, deu um salto de qualidade do pequeno e distante bairro para a Cidade Luz. Para resumir, acabaram marcando um encontro para jantar. Meu amigo um pouco preocupado e para não fazer feio escolheu um restaurante de primeira. Quando ela apareceu, foi uma surpresa, estava mais bonita ainda, usava uma roupas de grife assim como era também os outros adereços, parecia segura de si em todos os sentidos. Em sua conversa abusava um pouco das expressões: “quando estive em Paris”, “por quem Paris”, “em Paris é assim”, mas nada que comprometesse. Resolveram pedir a comida e a escolha foi peixe, meu amigo perguntou se gostava de vinho verde, a resposta veio que sim, porque em Paris...etc.
Veio o sommelier coma garrafa de Casal Garcia branco, quando colocou o vinho no copo da tal moça, ela o olhou bem e disse:
- Ué, você falou que o vinho era verde, mas esse aqui é amarelo!
Pois é, o estilista da “primeira patroa” comentou sobre o vestido que ela estava usando na posse do marido, acrescentando que ela passara de mulher de um líder operário acostumada ao ambiente de sindicato, mas que agora mudara muito pois era mulher do presidente acostumada a jantar com rainhas.
Discordo um pouco, pois a vestido por ela escolhido, de um amarelo igual àquelas aparas de lembrete autocolantes (post-it), mostra que ela nem chegou às reuniões de sindicato, continua no sobrado de São Bernardo mulher de um torneiro mecânico e confundindo a cor dos vinhos.