Dois prêmios Nobel da Literatura, o colombiano Gabriel Garcia Marques e o turco Orhan Pamuk, confessaram orgulhosamente na semana passada que na realidade eles são jornalistas. É uma profissão onde a parte romântica serve para esconder os sacrifícios a que são obrigados aqueles que a seguem. Escrever é muito bonito, quando é feito por diletantismo, quando se tem vontade, mas se torna um trabalho estafante quando tem que ser feito todos os dias (inclusive domingos e feriados), no meu caso inclusive sem férias há três anos pois nossa redação do P&P é pequena e não podemos nos dar a esse luxo. A grande compensação é que a cada dia, ver o que escrevemos veiculado, circulando e levando boas ou más informações, sinceras e honestas, para outras pessoas. Ana Beatriz, é jornalista formada pela Florida International University (FIU) de Maimi , trabalha Roanoke Times, jornal do Estado da Virginia (EUA). Seu artigo que segue abaixo é de leitura obrigatória aos jornalistas, aos que pretendem sê-lo e aos que se servem do trabalho deles.(G.S.)
JORNALISTA 24 HORAS Por Ana Beatriz em Direto da Redação
ROANOKE - Infelizmente (ou talvez felizmente), é difícil hoje em dia encontrar-se estabilidade em qualquer profissão que se preze. Especialmente no jornalismo. É difícil formar uma família e ficar num lugar só, principalmente quando a ambição profissional é grande. Difícil até comer e dormir quando um artigo domina sua mente. Ou tem que ficar pronto em poucos minutos ou demora dias, semanas ou até anos para ser concretizado. E quando é concretizado, há a repercussão, boa ou ruim, muitas vezes dividida. Há o tormento quanto a possíveis erros e buracos no texto. Serei detestado? Serei despedido? Ganharei o Pulitzer? Mas, na maioria das vezes, entre jornalistas que realmente amam a profissão, a pergunta seria: “Será que dei a notícia da melhor maneira que poderia ser dada? Ofereci aos leitores a oportunidade de interpretá-la, escrevendo de maneira detalhada e equilibrada?” É uma luta diária. A luta pela ética, pela justiça e por cada palavra. A luta contra os cortes de editores que pregam a idéia de simplificar o mais possível e, nesse processo, acabam deixando de fora informações importantes. A luta pelo espaço que dividimos com os anúncios, que são postos nas páginas antes das notícias. E ainda temos que pensar nos cortes de equipe nas redações. A crise da indústria fez milhares de jornalistas nos Estados Unidos perderem emprego nos últimos poucos anos. Companhias são vendidas, uma a uma, tornando-se parte de um pequeno número de grandes conglomerados. É difícil, principalmente para os jornalistas mais maduros e com raízes mais profundas do que aqueles que, como eu, estão apenas começando, se adaptarem a esse novo jornalismo. É o jornalismo da Internet e da diversidade – uma diversidade cultural e intelectual que vive lado a lado com preconceitos que vêm à tona quando as minorias decidem se rebelar e virar notícia. Mas não conseguimos desistir. Isso é, quando o jornalismo toma conta de nossos corações e mentes viramos escravos da notícia e das longas horas, só conseguindo paz interior quando a notícia é publicada e o veredicto dado, pelo público e nós próprios. Até o dia seguinte
Editado por Giulio Sanmartini às 1/20/2007 03:05:00 AM |
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