O problema da aviação civil não está resolvido, pois algo de tamanhas proporções não se resolve sozinho e, ao que me consta, nenhuma medida foi tomada. Aconteceu uma redução no fluxo de passageiros. O arquiteto João Ricardo de Carvalho escreve no Jornal da Tarde sobre a solução abracadabra que o presidente do órgão que regula os vôos encontrou: “manter aviões de reserva para episódios de overbooking.” Essa solução é absurda, pois os custos de aviões parados com todo a tripulação esperando uma emergência que poderá vir ou não, tornará pelos custos, a aviação comercial impraticável, portanto quem a propôs deveria ser sumariamente demitido. Se foi ironia, esta foi feita fora de hora mostrando falta de seriedade; se falou sério ou é incompetente ou insano e talvez as duas coisas. O autor do artigo faz ver que um projeto tão primário em sua essência é totalmente inexeqüível.
CABEÇA NAS NUVENS Por José Ricardo de Carvalho Uma excelente idéia acaba de surgir como solução para os problemas da aviação brasileira, e veio do presidente do órgão que regula os vôos civis: manter aviões de reserva para episódios de overbooking. Pena que ninguém houvesse pensado nisso antes, porque, nesses tempos de barrinha de cereal, a idéia é um prato cheio. Vamos a ele. Um avião comercial custa dezenas de milhões de dólares e só se viabiliza voando quase cheio muitas horas por dia. Essa é uma das lutas das companhias aéreas. E não é só o avião. Sem tripulações de reserva, aviões não vão adiantar nada. E tripulantes são profissionais caros, se disponíveis. Para ter sob sua responsabilidade aviões modernos, pilotos têm um longo processo de formação e salários compatíveis. Ainda há comissários e tudo o que não se vê, como seguros, manutenção, estoque de peças, etc. E tem mais. Pode ocorrer overbooking em vôos que saem para diversos destinos. Aí o certo seria ter, digamos, em São Paulo (2 aeroportos), no Rio (2 aeroportos), em Belo Horizonte (2 aeroportos), Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belém os tais aviões de reserva, com as tripulações, para os diferentes destinos. Isso para cada companhia. E será necessário também combinar com os russos, como dizia o Garrincha, no caso a Infraero, que deverá providenciar pátios para toda essa frota estática. Claro que pára-quedistas como o companheiro que despontou do anonimato para a presidência da Anac não vão ajudar a aviação brasileira a superar suas dificuldades, mas fica uma pergunta: tendo os aviões, tripulantes e passageiros, não seria melhor botá-los para voar?
Editado por Giulio Sanmartini às 1/11/2007 10:23:00 AM |
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