Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Apesar da afirmação do presidente Lula de que o novo ministério não será uma salada de frutas, há quem duvide. Afinal, se Jader Barbalho indicará pelo menos um ministro do PMDB, se Nelson Jobim é bem cotado, mas na quota pessoal do presidente, se o PTB presidido por Roberto Jefferson continuará no governo, se Marta Suplicy e Tarso Genro, do PT, terão cadeira cativa, e se até Gerdau Johanpetter e Delfim Neto estão no páreo - só para citar alguns -, que gosto ideológico terá esse prato?
Mesmo se composta de maçã, laranja, banana, abacaxi e outras frutas banais, a salada também conterá vastas porções de jaca e até alguns legumes de contrabando, como jiló e maxixe. Mistura que o chefe da cozinha imagina boa para todo gosto, na medida em que os comensais, os partidos, exaltarão seus produtos. O problema é o conjunto. Qual primeiro, contaminando os demais? Um ministério precisa dispor de um mínimo de identidade política, doutrinária e, mesmo, ideológica. Deve funcionar como uma orquestra, dispondo de um primeiro violino, de um único pianista, mas, acima de tudo, de um maestro capaz de afiná-la para a execução da sinfonia. Do jeito que as coisas vão, o novo ministério terá pandeiros, atabaques e caixas de fósforo, contra os quais nada há a opor, a não ser que constituem corpos estranhos a uma orquestra. Como nada foi anunciado, espera-se que o maestro procure ganhar tempo convocando os compositores, mas guardando segredo sobre os integrantes, ou dos componentes da salada, que saberia melhor se não tivesse jacas...
Editado por Giulio Sanmartini às 11/13/2006 03:44:00 AM |
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