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PROBLEMA DA FAMÍLIA
Por Fabio Grechhi na Tribuna da Imprensa
Não deixa de chamar a atenção o empréstimo que o BNDES fez, de R$ 2,4 bilhões de uma só vez, à Telemar. Não pela quantia, que é até normal no caso de conglomerados desta magnitude, mas o formato da ajuda. O banco assume todo o risco, sem qualquer instituição privada ou mesmo ativos da Telemar como garantidores do crédito. Mesmo porque não falta à empresa capital, infra-estrutura, receita e uma carteira de clientes capaz de respaldar o negócio
Só que há um probleminha. A estranheza se justifica a partir do momento em que a Telemar se associou à Gamecorp, de Fábio Lula da Silva. Que tem óbvio parentesco com o presidente Lula: é seu filho com dona Mariza Letícia. A empresa recebeu um aporte de R$ 15 milhões da corporação de telefonia e até hoje ninguém explicou direitinho a troco de quê. A Gamecorp, até onde se sabe no mercado de informática, é uma obscura fabricante de jogos eletrônicos. Está muito longe de ser uma Sega, por exemplo.
Pode ser, claro, que a Telemar tenha visto potencial que quem não acompanha de perto as movimentações do setor não consiga enxergar. Mas o próprio Lula andou tropeçando no assunto quando indagado a respeito, na campanha eleitoral. Inclusive, disse que se houvesse alguma irregularidade sobre seu filho pesaria a mão da lei. Claro que a gente sabe que não é assim: Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente Fernando Henrique, se imiscuiu em vários negócios que, embora nada de irregulares tivessem, sua simples presença resvalava na amoralidade. É como se costuma dizer: nem tudo o que é legal é moral.
Sobre Fábio Lula, ainda pesa a suspeita de que ele e seus sócios na Gamecorp atuaram em Brasília como lobistas da Telemar. Aliás, não apenas ele e os parceiros, mas o próprio irmão do presidente andou defendendo interesses de empresas junto ao governo. Genival Lula da Silva montou até escritório em São Paulo e, na capital federal, defendeu as pretensões de um certo Riviera Group, de origem portuguesa, voltado para o empreendimento imobiliário e de hotelaria. O conglomerado adquiriu uma boa quantidade de terras em São Sabastião, litoral de São Paulo.
O dono do Riviera é o empresário Emídio Mendes, que teria feito vultosas doações na cidade com vista a alterar o gabarito para construções em São Sebastião. Cidade colonial, com ruas feitas de pedra de mão. Mas que se tornou uma espécie de Macaé paulista, pois abriga um terminal de carga e descarga da Petrobras.
São as conexões da parentela que causam arrepios à opinião pública.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/08/2006 12:35:00 AM      |