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O GOVERNO É DO ESTADO DE MATO GROSSO
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ESTE TEXTO NÃO FOI PUBLICADO
NO JORNAL IMPRESSO, "POR MOTIVOS
DE FORÇA MAIOR".
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Por Adriana Vandoni

Muito grave a notícia publicada no jornal Folha de São Paulo do dia 26 de novembro. Grave em vários sentidos. Primeiro, claro, a revelação em si, sugerindo a participação do então candidato ao governo do estado de Mato Grosso, Blairo Maggi, na compra de acusações para interferir no processo eleitoral do estado. Essa revelação deve ser averiguada pela Polícia Federal e pelo Tribunal Regional Eleitoral, afinal, se o então candidato pagou, como sugere a reportagem, para os Vedoins e assim tumultuar as eleições, ele cometeu uma infração. Mas este caso está ou deve estar nas mãos da justiça. Espero que ela cumpra suas funções.
O que me chamou a atenção e até me deixou constrangida foi ver o Secretário Estadual de Comunicação Social, no exercício de suas funções, responder em nome do cidadão Blairo Maggi. Está havendo confusão ai. O Secretário não é assessor de imprensa ou porta-voz da pessoa física Blairo Maggi. A ele compete formular e executar a política de comunicação social do Estado e não a defesa dos atos cometidos pelo candidato ao governo Blairo Maggi.

Ou o que sugere a matéria é que o Governo do Estado de Mato Grosso tenha participado de negociações de informações? Não. Em nenhum momento a matéria diz que foi o Governo do Estado de Mato Grosso que negociou com Vedoin o envolvimento de quem quer que seja no esquema dos sanguessugas, o que aliás, deixaria a denúncia com teores mais graves ainda. A matéria diz que o deputado Abicalil contou a Berzoini que Blairo “havia pago Vedoin para que este falasse à revista Veja” e incriminasse seu adversário políco.
Se a suspeita é de que tenha sido o cidadão Blairo Maggi, ele deveria se pronunciar, já que não quis fazer pessoalmente, através de seu advogado ou porta-voz de sua campanha ou até através de um imediato de suas empresas. Jamais usar o Secretário Estadual de Comunicação Social que é um funcionário público com função definida em Lei. E se este tenha atuado como assessor de imprensa da sua campanha política, que então se identificasse como tal e não como Secretário de Estado.
O que é isso? Confusão entre o que é Público e o que é Privado? Mato Grosso está com a imagem mais que desgastada por intermináveis escândalos, não acho conveniente um Secretário Estadual ficar dando entrevistas em defesa das ações praticadas pelo cidadão, não pelo governador. A menos que tenha sido um ato do Governo do Estado, mas isso só quem poderá confirmar é o Deputado Abicalil, o deputado Berzoini, o petista Valdebran Padilha ou quem mais estiver envolvido nesse golpe todo.
O que é inadmissível e vexatório, é a nota como foi publicada pelo jornal: “O Secretário de Comunicação Social do governo do Mato Grosso, José Carlos Dias, nega que Maggi tenha comprado a denúncia e atribui a acusação a seu adversário, o senador tucano Antero de Barros (MT).
Não pode haver confusão de função, por mais bem intencionado e solícito que o Secretário possa ser, a menos que seja institucionalizado que o Governo do Estado está a serviço das questões privadas de Blairo Maggi. Por acaso a secretaria de Fazenda responde pela prestação de contas da campanha de Blairo Maggi junto ao TRE? Então porque o Secretário de Comunicação responde por acusações feitas ao candidato Blairo? Era só o que faltava!
Transparência não é uma palavrinha para discursos eleitorais nem apenas um link no site oficial do governo. Transparência se alcança com ações, com atitudes sérias e respeitosas. O Secretário não pode se comportar como assessor de imprensa ou porta-voz particular, ele é um funcionário público responsável pelas relações entre a administração estadual e os meios de comunicação, além da publicidade oficial, jamais pessoal.
O governo é do Estado de Mato Grosso, não do cidadão Blairo Maggi.

Leia abaixo a matéria da Folha de SP:

Para PF, Berzoini ordenou a petistas compra de dossiê

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após dois meses de investigação, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal firmaram a convicção de que a decisão de compra do dossiê contra tucanos partiu de Ricardo Berzoini, então presidente do PT e coordenador-geral da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito do dossiegate, apresentará novo relatório parcial sobre as apurações nesta semana. O documento não responsabilizará nem envolverá diretamente Lula. A investigação continua a sustentar que o presidente não teve conhecimento da negociação do PT com o chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, da decisão de compra do dossiê ou da coleta do R$ 1,7 milhão usado na operação.
Não se sabe se estarão relatadas outras evidências obtidas pelos investigadores. Elas dão conta de que o deputado federal Carlos Abicalil (MT) foi o primeiro petista a informar Berzoini da disposição de Vedoin de negociar acusações contra o ex-ministro da Saúde José Serra, hoje governador eleito de São Paulo pelo PSDB.
Abicalil contou ao então presidente do PT que o governador Blairo Maggi (PPS-MT), à época candidato à reeleição, tinha conseguido resultados em sua campanha ao se valer da mesma estratégia -pagar os Vedoin para que fizessem uma denúncia à imprensa contra seu adversário nas eleições, Antero Paes de Barros (PSDB), e a confirmassem judicialmente.

Procurado pela Folha, Maggi destacou o secretário de Comunicação Social de Mato Grosso, José Carlos Dias, para falar em seu nome. Dias negou que o governador tenha negociado com os Vedoin e afirmou que tal versão foi divulgada pelo tucano como tentativa de defesa (leia texto na pág. A6).
A responsabilização de Berzoini derrubaria de vez os argumentos de que a manobra do dossiegate foi concebida e levada a cabo por "aloprados" à margem ou à revelia do comando nacional da campanha petista. Mas não deverá criar constrangimentos de ordem legal à reeleição de Lula.
O delegado Curado pedirá extensão de prazo para detalhar suas conclusões e averiguar as ramificações -o mesmo cenário com que trabalha o procurador Mario Lúcio Avelar, encarregado de investigar o escândalo dos sanguessugas.
As conclusões da PF e do Ministério Público Federal colidem com a movimentação nos bastidores de Berzoini para a sua recondução ao comando nacional do PT. Deputado federal reeleito, ele vinha declarando que o inquérito seria inconclusivo -e que ele, portanto, poderia retornar ao cargo.
Berzoini foi forçado a se licenciar da presidência do partido no segundo turno para evitar mais prejuízos à campanha de Lula. Foi também afastado da condução da campanha.
Há um mês, o primeiro relatório do delegado Curado apontava Jorge Lorenzetti, ex-analista de risco e mídia da campanha de Lula, como a pessoa que articulara "em âmbito nacional a compra do dossiê". O mesmo documento restringia geograficamente as ambições da estratégia. Dizia que "o dossiê visava alterar o rumo das pesquisas do eleitorado paulista, fazendo uma relação do então candidato Serra com a máfia dos sanguessugas".
Agora, a PF e o Ministério Público concluíram que a negociação do dossiê foi uma decisão da campanha nacional para minar o PSDB como um todo -como subproduto, também seria útil ao então candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante.
Segundo a PF e o Ministério Público, havia interesse de uma ala do PT em enfraquecer o PSDB e prestar um serviço a Lula, naquele momento favorito a ganhar a eleição no primeiro turno. O grupo, que cuida da chamada "inteligência" das campanhas desde 2002 e é capitaneado por Berzoini, se fortaleceria internamente, cacifando-se para futuros projetos eleitorais. O dossiegate, porém, mostrou-se um tiro no pé. Revelado, dinamitou o superfavoritismo de Lula e criou a onda que provocou o segundo turno contra Geraldo Alckmin.


Editado por Adriana   às   11/29/2006 02:32:00 AM      |