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ENTRE TAPAS E BEIJOS
No Jornal da Tarde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não desautoriza quem divulga que ele se diverte muito com as especulações em torno da reforma ministerial prometida para o início da segunda gestão. A graça deve ser grande mesmo, pois tudo indica que a mudança só virá em fevereiro, bem depois de a Câmara e o Senado definirem suas mesas diretoras, condição que o presidente retirou não se sabe bem de que escaninho da lógica para definir seu time.
Pode-se argumentar, e com lógica, que não há uma premência assim tão grande para mudanças de um governo cujo chefe máximo o povo achou por bem manter no posto. Mas, já que a dança de cadeiras da Esplanada não passa de uma piada privada de Sua Excelência, não seria de bom alvitre que ele aproveitasse o tempo que não está gastando na costura do ministério para tomar conta de problemas mais graves que estão a merecer sua atenção, em vão?
Que tal se Lula tomasse alguma providência para dissipar os temores de um caos de proporções inimagináveis no transporte aéreo nacional com a crise dos controladores de vôo? Ou se, pelo menos, demitisse os subordinados que mandou resolver a crise do Incor em “48 horas” e, dez dias depois, nada fizeram para cumprir sua ordem? O presidente também daria uma satisfação em regra ao eleitor que demonstrou muita confiança nele se alinhavasse algo de positivo para enfrentar a crise que ameaça depenar a galinha dos ovos de ouro de nossa economia, que é o agronegócio.
Sem descer do palanque, tudo o que ele tem demonstrado é falta de rumo, ao propor diálogo com uma mão estendida para a oposição derrotada em outubro, mas manter o indicador da outra em riste apontando para o adversário em evidência como se este fosse culpado por todos os males que podem afligir o País, mas não lhe tiram o próprio sono. Já que ganhou a eleição prometendo “mais do mesmo” e parece disposto a cumprir, sem reformar o primeiro escalão, Lula faria bem à Nação e à própria biografia se terminasse a campanha, da qual saiu vitorioso, e começasse a governar no fim do primeiro mandato, dando um sinal promissor de que haverá uma administração capaz de alguma iniciativa no próximo. Isso poderia ser salutar a ponto de tornar irrelevante a incoerência entre o convite à concórdia e as farpas atiradas a esmo.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/27/2006 01:31:00 PM      |