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DECLARAÇÃO É DIGNA DE DITADORES, ATACA PSDB
Por Silvia Amorim em O Estado de São Paulo

Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati

Tucanos mandam recado a Lula dizendo que não darão trégua ao governo
A cúpula do PSDB classificou como autoritária e digna de ditadores a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que deixem para fazer oposição a ele somente em 2010 e avisou que não dará trégua ao governo. 'Oposição é sempre. Só quem não gosta de democracia rejeita a oposição. A oposição é a essência da democracia', afirmou o governador reeleito de Minas, Aécio Neves, após sair de reunião à noite na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, que também participou do encontro, como o ex-governador Geraldo Alckmin, disse que a opinião de Lula faz parte da linha autoritária do PT. 'Um país que não tem oposição é ditadura. Reconheço que tem tido no PT um viés autoritário, mas o PSDB nunca vai permitir que isso aconteça.'

Aécio ressaltou que a proposta de Lula não faz sentido e, amenizando o tom das críticas, disse não acreditar que Lula seja contra os princípios democráticos. 'Eu quero viver muitos anos ainda sem estar num país onde não exista oposição e não acredito que essa tenha sido a intenção do presidente porque é algo sem qualquer sentido.'
Os quatro tucanos ficaram reunidos ontem por duas horas. Na pauta de discussão, disseram ter tratado dos novos rumos do PSDB. Segundo Tasso, ficou sob responsabilidade de FHC organizar um primeiro congresso para discutir temas relevantes para o País.
Aécio reiterou que a oposição do PSDB não buscará exemplos na conduta petista quando estava fora do governo. 'A nossa oposição não irá revolver o passado lembrando aquela oposição que virava as costas ao País como o PT, que era contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e tudo oriundo do governo.'
Segundo Tasso, o PSDB será firme, enérgico, mas atuará 'dentro da civilidade'. O tucano disse que ainda não foi convidado por Lula para um encontro, mas que está aberto. 'Nunca nos negaremos a conversar. Mas deixando claro que as diferenças com esse governo são gigantescas, principalmente no campo ético.'
Aécio também usou um tom ameno quanto a futuras conversas com Lula, mas fez algumas cobranças. 'Temos diferenças profundas de compreensão em relação às questões brasileiras com o governo que aí está.'
Os tucanos também ironizaram o desabafo do presidente de que teria aprendido que, para governar, não se pode ter ao lado somente amigos, mas pessoas qualificadas. 'Ele aprendeu um pouco tarde, mas ainda não aplicou. O governo só tem amigos e muito incompetentes. Espero que ele use essa lição, porque até agora não usou', criticou Tasso.
O presidente do PSDB apontou o caos no setor aéreo no País como um dos reflexos da 'política dos amigos' de Lula. 'Está aí o caos aéreo. O que é isso? É gente amiga que não entende nada de espaço aéreo e comandando isso aí. Esse caos vai se transformar no Brasil inteiro se ele continuar com essa política de amigos e, pior, alguns profundamente desonestos.'
Alckmin e FHC não falaram com a imprensa. O governador eleito de São Paulo, José Serra, não participou do encontro porque tinha reunião com o governador reeleito do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB).


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/24/2006 08:44:00 AM      |