Por Karla Correia no Jornal do Brasil
BRASÍLIA. Acabou a paciência com o apagão aéreo. Ontem, passageiros de um vôo da Gol que atrasou mais de 10 horas para decolar invadiram a pista do Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba (PR), e foram retirados pela polícia. Outros 500 pro testaram no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). Segundo balanço da Infraero, 651 vôos - ou 51,3% dos 1.270 previstos para ontem - registraram atrasos superiores a 15 minutos, o que provocou tumultos em diferentes cidades. Em Brasília, informações incorretas das companhias complicaram a vida dos passageiros, que tiveram de esperar, em média, uma hora e meia para embarcar. Ao menos três vôos de São Paulo rumo à região Norte, com escala na capital federal, tiraram os passageiros do sério: saíram com atraso de Congonhas (SP), mas confiantes de que as conexões, em Brasília, aguardariam em terra.
Ao desembarcarem no Aeroporto Juscelino Kubitschek, entretanto, foram surpreendidos. - Quando cheguei aqui, não havia notícia do meu vôo, nada no painel - reclamava o advogado Fernando Amenales Franco, que saiu de São Paulo (SP) a caminho de Porto Velho (RO) às 10h30, duas horas atrasado. A responsabilidade sobre a falta de informações se transformou em jogo de empurra entre governo e empresas. Para a Aeronáutica, a situação estava normal desde a manhã de ontem. O problema seria o grande número de cancelamentos pelas companhias. - As medidas tomadas pela empresa buscam evitar o prejuízo dos passageiros, diante de uma situação de falha no sistema de controle de vôo - defendeu-se a TAM, por meio de assessoria de imprensa. Segundo o Comando da Aeronáutica, o rompimento de um cabo de fibra ótica do Cindacta 2, em Curitiba, provocou os atrasos. O problema afetou a transmissão de dados do controle do tráfego e prejudicou todos os vôos que passam pela região Sul. Em efeito cascata, os aeroportos de outras regiões foram afetados. Ontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou auditoria para apurar, entre os órgãos ligados ao setor aéreo, os motivos da crise. A divulgação de relatórios da Aeronáutica confirmando que pelos menos três incidentes poderiam ter ocorrido acelerou o início da auditoria. O ministro da Defesa, Waldir Pires, defendeu a qualidade do controle de vôo. - Melhoramos muito nos últimos cinco anos - declarou.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/21/2006 09:38:00 AM |
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