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A FUGA TÁTICA
Por Osiris Lopes Filho na Tribuna da Imprensa
O debate promovido pela TV Globo, na noite de quinta-feira, dia 28 de setembro, dentro das suas limitações, no último tempo destinado à propaganda eleitoral, foi bastante esclarecedor para o público que o assistiu. Os três candidatos que compareceram ao evento - Geraldo, Heloisa Helena e Cristóvam - estavam afiados, bem preparados para discorrerem sobre seus diagnósticos da realidade nacional e para proporem as correspondentes metas a serem realizadas.
As falas foram bem desenvolvidas e demonstraram consistência nas formulações apresentadas. O tom das perguntas, das respostas e dos argumentos de sustentação foi civilizado, predominando a cortesia, que pode ser resumida por uma evidência: não houve baixaria. Cada um expôs suas posições, objetivamente, pois o tempo era limitado, e o público assistente teve, em pacote comprimido, condições de avaliar o desempenho dos candidatos presentes.
Uma constatação é necessária de ser realizada. A principal figura do debate estava ausente. Lula, o presidente candidato à reeleição, deu no pé, botou o rabo entre as pernas, e que rabo, imenso e sujo e asqueroso, e foi a outro evento, onde podia exercitar o que faz com maestria: o monólogo da auto-suficiência, com platéia camarada, ávida para aplaudir.
O seu não comparecimento deve ter sido examinado, com a improvisação da desorganização. O setor da campanha destinado a realizar as "análises de risco" da campanha presidencial tinha sido desbaratado por conseqüência da participação de alguns dos seus integrantes na tentativa da aquisição de material destinado a denegrir a honorabilidade dos adversários. Os seus componentes andam às voltas com depoimentos na Polícia Federal.
Realmente, o passivo do governo Lula na esfera da trindade diabólica - corrupção, incompetência e desperdício - é tão volumoso, que a opção de bater em retirada do debate tenha sido avaliada como a menos danosa na captura dos votos dos ainda indecisos, ou na possível perda de votos dos já cativados, de problemática sustentação diante da evidência do descalabro ético que arruinou o padrão comportamental do atual governo. Realmente é difícil, para os melhores advogados, defenderem um governo em que personagens ministeriais foram defenestrados pela prática continuada de vários crimes, que vão se sucedendo em turbilhão, inclusive com denúncia formulada pelo Procurador-geral da República.
Esse é um lado da questão, o do mal comportamento da camarilha palaciana e partidária.
Mas o ponto decisivo para a fuga ao debate é o da impossibilidade de sustentação da atual ação governamental em diálogo franco e aberto. Na democracia constitui prática essencial a prestação de contas dos governantes ao povo. Tantas tem sido as distorções deste governo Lula, que este processo tem se modificado. Prestam-se contas à Polícia, ao Ministério Público e ao Judiciário. E se reabilitou o corno. Dizia-se que ele era o último a saber da infidelidade da mulher. Lula conseguiu a façanha de superá-lo. Ele tem sido, pelas suas versões, o derradeiro a tomar conhecimento das traições dos companheiros. O corno tradicional já era.
O risco efetivo da fuga do Lula ao debate é o de que ele afronta o espírito lúdico do brasileiro. O fujão não é encarado com simpatia, quando se recusa a assumir a responsabilidade para os combates da vida. Lula fez a sua opção. Minha torcida, com o meu voto, para o Cristóvam é o de que haja o 2º turno, e aí, o Lula não possa ser fujão de novo e assuma, em debate franco, suas responsabilidades, ou melhor, suas irresponsabilidades.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/02/2006 04:23:00 AM      |