Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa Lula tem tudo para passar à História como o presidente mais traído e enganado do País. Mas ele também não pode ser responsabilizado pelo chorrilho de lambanças que o PT tem praticado. Acusar, como vem fazendo a oposição, de que é o responsável pela a operação de compra do dossiê e pela ação dos "aloprados" soa como despespero e uma vontade quase irresponsável de atribuir todos os males existentes a Lula. Satanizá-lo para criar um ambiente propício a uma crise institucional. A análise deste período tem que se isenta para se evitar que resvale na burrice e na má-fé. É difícil não acreditar que o presidente nada soubesse do mensalão, já que os atores envolvidos com a história freqüentavam seu gabinete e a Granja do Torto com certa desenvoltura. Da mesma forma como não se pode desconsiderar que esteja havendo uma intervenção do governo sobre o trabalho da Polícia Federal na investigação do dossiê. Tanto que os detalhes têm vindo à tona homeopáticamente, como a coordenação de Jorge Lorezentti, churrasqueiro presidencial, de toda a operação. Mas Lula tem razão quando diz que a tentativa de compra do dossiê Vedoin apenas o prejudicou. Deu a oposição a chance de verberar contra ele e ter um cavalo de batalha no qual se segurar neste segundo turno. O que o presidente não perdoa é a liberdade com que agiu certo escalão de petistas, movido primeiramente por ambições próprias e, em segundo lugar, para fechar a fatura em favor do amado e querido líder.
Quando se sabe que Ricardo Berozini, Lorenzetti e outros envolvidos na jogada pertencem à nova burguesia proletária que emergiu da politicagem sindical nos anos 80 e 90, se entende um pouco a razão de tanta arrogância e independência na ação. Truculentos, stalinistas, são do tempo em que a Central Única dos Trabalhadores agregou todas as entidades de classe por ser um trator. Época em que Jair Meneghelli se tornou a principal figura do sindicalismo, de eterno confronto com o patronato e, sobretudo, agindo para que outras congregações não surgissem com vistas a ameaçar o controle completo da CUT. A base do PT sempre esteve aí. Movimentavam embaixo para, em cima, levarem a cabo através da urnas a formação de lideranças políticas. Quem conhece a história do partido sabe que alguns de seus expoentes passaram pelo comando de sindicatos, como Vicente Paulo da Silva (Vicetinho), Chico Vigilante, o hoje ministro Luiz Marinho (Trabalho) ou o prtóprio Lula. O partido tem uma história de ação nas sombras com a intenção de solapar os adversários, a fim de que, uma vez governo, nada o impeça de continuar o mais tempo possível no poder. Estão aí Maria Luiza Fontenelle, ex-prefeita de Fortaleza, e Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo, que se insurgiram contra a impossibilidade de agir contra este corpo estranho chamado partido, capaz das ações mais inconseqüentes, que punham em risco - e, em muitas vezes, engessavam - a administração pública. Lula colhe o que plantou como ex-presidente do PT. A máquina partidária é hoje uma estrutura enlouquecida e incontrolável, capaz de ações suicidas. O presidente se tornou refém do monstro que ajudou a alimentar.
Editado por Giulio Sanmartini às 10/23/2006 01:33:00 AM |
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