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SINAL FECHADO
Por Sérgio Cintra, professor e Diretor Executivo da Funec em Cuiabá-MT.

Amanheci nostálgico, como se quisesse viver novamente a década de 80. Ali, houve tempos em que tínhamos certeza das coisas, sabíamos quem era quem. Lembro-me de um grande encontro de sindicalistas do mundo inteiro ocorrido na Unicamp. Apesar da diversidade de línguas e povos; tínhamos um só discurso, uma só voz. Hoje, está tudo diferente. Cães e gatos partilham da mesma mesa. A confusão está feita na cabeça do povo.
Às vésperas das eleições, fico estarrecido com o resultado das pesquisas eleitorais e com a atitude de alguns candidatos. Sobre as pesquisas penso que, embora a informação mais corriqueira esteja universalizada, elas apenas refletem momentaneamente o denuncismo desvairado que marca a campanha eleitoral. É um absurdo se crer que a senadora Serys (PT-MT) aceitaria propina e ainda é mais surreal que se pense que a senadora macularia sua honra por irrisórios trinta e cinco mil reais. Pode-se não concordar com parte das ações políticas de Serys; mas envolvê-la nesse mar de lama em que se transformou o congresso nacional é insano. É mais, é maléfico.
O inacreditável é que denuncias sem nenhuma sustentabilidade fazem com que candidaturas percam força e outros, amplamente denunciados, apareçam na ponta na preferência do eleitorado. É desanimador, por exemplo, saber que Pedro Henry (PP-MT), que sempre votou contra os interesses dos mais humildes, sendo, inclusive, deputado federal nota zero pelo DIAP, suspeito de envolvimento no Mensalão e no esquema dos sanguessugas, aparece em primeiro lugar na disputa de uma vaga na câmara federal. Como diria Caetano: “Eu não consigo entender sua lógica”.
Naquele tempo, sabíamos quem era o “mocinho” e quem era o “bandido”. Tinha-se lado. Caiu o Muro e com ele ruíram os conceitos de direita e esquerda. De sindicalista que denunciava os ganhos extraordinários dos bancos; transformou-se no presidente que impõe ao povo brasileiro a mais perversa taxa de juros jamais vista e permite que os bancos lucrem como nunca.
Quando ouvia Elis cantar “Como nossos pais” (Belchior) acreditava que o novo viria e rápido. Ainda não veio; porém, virá. Mesmo que meus olhos não testemunhem, virá. Enquanto isso eu canto: “Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento gente jovem reunida Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Como nossos pais Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém Você pode até dizer que tou por fora ou então que tou inventando Mas é você que ama o passado é que não vê É você que ama o passado é que não vê Que o novo sempre vem Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia de uma nova consciência e juventude Está em casa guardado por Deus contando vil metal Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos Nós ainda somos os mesmos e vivemos Ainda somos os mesmos e vivemos Como os nossos pais.”


Editado por Adriana   às   9/13/2006 05:15:00 PM      |