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QUANDO ACABAR A FORTUNA DO BOQUIROTO
Por Ralph J. Hofmann

É difícil imaginar que hoje os Estados Unidos atacassem o Hugo Chavez pelas palhaçadas que anda aprontando. Afinal, por enquanto são só palavras. Mesmo o armamento adquirido por Chavez, até o momento não é uma ameaça para eles. E mesmo se fosse mais de uma ameaça, os Estados Unidos teriam como enfrentar esses armamentos dentro de alguns anos, quando estivessem na ativa e os militares venezuelanos tivessem treinado com as mesmas, passado por milhares de horas de combate simulado, tivessem organizado enormes manobras, treinado colaboração entre exército, milícias, força aérea e marinha.
Então o Sr. Chavez hoje está restrito a irritar tanto seu cliente, os Estados Unidos, como o Brasil. Seu show boquiroto na Assembléia Geral das Nações Unidas foi típico. “Siento Olor de Azufre” (Sinto cheiro de enxofre), pois o Bush passou por aqui.
Do alto dos aproximados 3.500.000 de barris/dia, uns US$ 280.000.000, 00 bombeados de seus vetustos poços que estão entre os mais velhos do mundo ele sufoca o pouco de indústria do país, liquida com os quitandeiros e pequenos comércios, e subsidia economias vassalas.
Pretende ensinar a Bolívia a administrar seus ativos petrolíferos com os técnicos da PDVSA.
A realidade sobre a PDVSA é outra. Mesmo após nacionalizado o petróleo da Venezuela, sucessivos governos sempre mantiveram essas acordos com empresas petrolíferas mundiais. Essas forneciam tecnologia para manter em operação os frágeis poços petrolíferos da Venezuela, e descobriam e punham em operação novos blocos de produção. Com isto a Venezuela conseguia manter um pequeno crescimento de produção, sendo a prospeção realizada com capital de risco das contratadas.
Ocorre que após a greve dos petroleiros venezuelanos duas terças partes dos mesmos, inclusive particularmente os administradores e quadros técnicos foram demitidos e a empresa foi aparelhada com fiéis dependentes do Sr. Chavez.
E certamente a PDVSA não possui quadros para substituir os atuais operadores, dentre os quais pessoal da Petrobrás, do petróleo boliviano.
O resultado foi que, operadores inexperientes passaram a administrar os poços da Venezuela, que como já foi dito são frágeis, em grande parte produzindo petróleo super-pesado. Muitos poços acabaram por morrer por negligência.
Hoje o país mal consegue substituir por produção nova os 400.000 barris/dia que perde anualmente. Com o custo de pesquisa, prospeção e construção de infra-estrutura não fossem os altos preços atuais do petróleo o Sr. Chavez não teria uma fortuna tão grande para dispersar.
A qualificação técnica de uma Petrobrás se obtém quando durante cinqüenta anos uma empresa inexoravelmente se dedica à aquisição de conhecimentos e experiência. Não se faz a partir de um “faça-se” presidencial.
Por outro lado para que se tenha uma empresa tecnologicamente desenvolvida também é necessário que ela tenha por base um país com um ambiente industrial, com um empreendedorismo inato, que gere pessoas de iniciativa e tirocínio.
A Arábia Saudita, escaldada com o que aconteceu ao Petróleos do México, quando de uma hora para outra alijou os ingleses na década de 30, e passou a operar seus ativos, ao nacionalizar a ARAMCO que pertencia às Sete Irmãs tratou de preservar seu relacionamento e assegurar transferências tecnológicas e cooperação em operações que duram quase 50 anos. Ao menos na área de petróleo criou uma cultura industrial e adquiriu profundos conhecimentos de mercado.
No caso apenas podemos detectar a ânsia pelas receitas no caso de Evo Morales e a ânsia pelo poder e por um lugar no palco central da política internacional da parte de Chavez, aliás, este trilhando os caminhos de Lula atrás de uma vaga no Conselho de Segurança (‘tadinho do Lula).
Chávez poderá causar uma ou mais guerras aqui no contoinente, mas devemos lembrar do que acontece com os países de monocultura. E lembrar também do sujeito que não cuida da horta de onde tira seu sustento. As formigas comem tudo.
Parabéns ao vizinho Nestor Kirchner por vender seus títulos ao Chavez. Grande sacada.


Editado por Ralph J. Hofmann   às   9/30/2006 12:05:00 PM      |