Por Rodrigo Morais em O Estado de São Paulo Para Busato, medida pode ser discutida após as eleições Sob o impacto do escândalo do dossiê Vedoin, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, disse ontem que, depois das eleições de outubro, a entidade pode voltar a analisar um pedido de impeachment contra o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro passado, o Conselho da OAB rejeitou a proposta de pedido de impeachment de Lula, apresentada por uma de suas conselheiras. Na ocasião, a ordem limitou-se a enviar uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República. Para Busato, a 'sucessão de escândalos' revela a 'decomposição moral da República'. Ele explicou que em novembro a OAB considerou que o momento era 'inadequado' para o pedido de impeachment, por causa do calendário eleitoral e da falta de credibilidade do Congresso. 'Passados esses dois pressupostos, o Conselho poderá voltar a apreciar a matéria', anunciou ele. 'O pedido agora seria um desserviço.'
Por enquanto, entidade de representação dos advogados espera que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tome as medidas adequadas contra crimes cometidos no período eleitoral. FERMENTO Na opinião do presidente da OAB, o País vive em clima de 'anormalidade', com a falta de confiança nas instituições, o que poderia comprometer a democracia. Com a ressalva de que a democracia brasileira vive um período de estabilidade, Busato comparou a situação do Brasil à da Alemanha pré-nazista. 'Algo de muito anormal existe', declarou o presidente da OAB. 'As instituições não estão respondendo aos anseios da sociedade. Esse estado de inconfiabilidade é um fermento para a desestabilização democrática. A falta de confiabilidade levou Hitler ao poder na Alemanha.' Ao ser questionado se estava mesmo comparando o Brasil atual com a Alemanha pré-nazista, Busato confirmou: 'Comparo nesse aspecto de anormalidade.' Em seguida, mencionou uma frase atribuída a Lula, que teria comentado em um jantar com empresários a hipótese de fechar o Congresso, o que é negado pelo governo: 'A afirmação de Lula, de que não brincassem com ele, senão viria um espírito de demônio sobre ele e fecharia o Congresso, isso é um escárnio com o Estado democrático de direito.' Busato elogiou o Ministério Público, mas ainda assim cobrou a inexistência de denúncia contra Marcos Valério, a quem chamou de 'PC Farias da malandragem'.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/22/2006 04:32:00 PM |
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