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LULA E BLAIRO MAGGI

Por Onofre Ribeiro
Por menos que pareça, há fortes semelhanças entre ambos. Pelo menos na percepção dos eleitores em relação aos dois. Obviamente, guardando as diferenças.
Lula estabeleceu uma aliança sólida com as classes mais pobres da população e elas deram-lhe o aval de salvar-se de qualquer tipo de encrenca, porque entendem que ele governa para elas. Ou seja, é um governo dos pobres. Como os pobres são a maioria da população, a eleição se dará dessa forma: pobres contra ricos.
No caso do governador Blairo Maggi, o eleitor teve a percepção de que ele mudou a forma de governar. Entende que a transparência que ele prega é verdadeira. Entende que as obras que anuncia realmente realizou, e entende que o dinheiro público está sendo bem aplicado.
O traço de ligação entre ambos é o resultado dos seus governos. Nesta eleição os eleitores perderam todas as demais referências que sempre os guiaram. Aquele pacto de confiabilidade que sempre houve, bem ou mal, entre eleito e eleitor, nesta eleição não existe mais. Os escândalos, a ineficiência do Congresso Nacional, as confusões do Judiciário, a ineficácia do serviço público, a corrupção desenfreada, o mau uso dos recursos públicos, a má gestão, o corporativismo dos servidores públicos, as questões fundamentais da saúde e da educação, acabaram por mostrar ao eleitor que ele está sozinho.
E se está sozinho, não precisa de obedecer ao pacto anterior. Vai repetir o voto na maioria dos atuais ocupantes de mandatos parlamentares porque prefere não se arriscar com pessoas desconhecidas. Sabe que os atuais terão outro mandato com medo de serem pegos de novo no cartório das culpas confessas e inconfessas.

Quando ele pára e avalia resultados, explica-se a preferência indiscutível pelas reeleições de Lula para presidente de Blairo Maggi para governador. Pode até parecer um raciocínio simplista. Mas é isso que as pesquisas qualitativas estão constatando seguidamente.
Tanto é verdade, que Lula e Maggi têm sido criticados pelos adversários, mas as intenções de votos dos eleitores não mudam. É porque ambos estão ancorados nessa figura chamada resultado da gestão. O eleitor não raciocina dessa forma linear. Ele apenas percebe quando o risco lhe parece menor.
Não fosse esse pacto pelo resultado, o presidente Lula não teria suportado a maré braba das duas últimas semanas. Pior. Ele acabou sozinho e só. Elege-se por si só, e terá só a si para discutir os rumos do futuro. É muito perigoso, mas é resultado da credibilidade que lhe atribuem os seus eleitores.
No caso de Blairo Maggi, as críticas, embora em tom muito menor, não o atingiram, porque ele também possui um pacto subliminar com os eleitores que o avaliam pelos resultados do seu governo, mesmo não tendo solucionado todos os problemas existentes.
Fico imaginando como serão os parâmetros de avaliação dos eleitores daqui a dois anos na eleição dos prefeitos e dos vereadores. Certamente, bem mais exigentes.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/28/2006 08:08:00 AM      |