por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa Os Vedoin não são flores que se cheirem. Têm uma trajetória de negócios com o governo federal que coloca todas as denúncias que fazem no limite da verdade absoluta e no começo da farsa. Aquilo que iam fazer com o ex-ministro José Serra talvez tenha enorme fundo de realidade: afinal, seria munição de grosso calibre para o PT disparar contra os tucanos, capaz de ajudar a campanha de Aloízio Mercadante em São Paulo a conquistar uns pontinhos. Não seria de graça, evidentemente. A contrapartida viria depois das eleições, num formato qualquer de benefício aos Vedoin. O assustador, porém, é ver que turma o PT tem do outro lado. A cada manobra deles que dá errado, vêm à tona personagens que se pensava existir somente em governos que os petistas sempre criticaram. É possível que existissem, mas o partido do presidente Lula está se saindo pessimamente ao revelar alguns de seus operadores políticos. É o caso, por exemplo, desse Valdebran Padilha: além de ser o homem da mala que compraria o dossiê dos Vedoin, é velho conhecido de quem investiga jogadinhas e tacadas.
Vejam só. Valdebran foi acusado de participar da máfia dos sanguessugas por Ronildo Pereira Medeiros, sócio dos Vedoin. Vejam só de novo: o homem estava no lugar certo, na hora certa, recebendo documentos suficientemente fortes de seus parceiros para arrebentar com os tucanos. Fez o meio campo de toda a manobra que deu errada e botou a turma na cadeia. Ronildo, em seu depoimento à CPI dos Sanguessugas, acusou o ex-senador Carlos Bezerra de ter prometido facilidades dentro da Fundação Nacional de Saúde, em Mato Grosso, através de Valdebran. A ponte com a FNS-MT seria feita pela empresa Saneng Saneamento e Construção Ltda., pertencente a Valdebran e seus irmãos Valdemir José e Vicente. A firma, aliás, teria indicado o Superintendente Regional da Saúde em Mato Grosso. Valdebran tem conexões antigas e profundas com o PT. Foi tesoureiro da campanha de Alexandre César à Prefeitura de Cuiabá, em 2004. Através dos cofres da Saneng, colocou R$ 50 mil na conta do candidato. Claro que não à toa. Toda esta lama provavelmente não será suficiente para evitar a virtual reeleição de Lula. Não há nada que grude no presidente, mas a bandeja do PT vai ficando cada vez mais pesada. Depois de negar veementemente as conexões com Marcos Valério de Souza, que emprestou alguns milhões ao partido por pura simpatia; depois dos dólares na cueca encontrados com um assessor do deputado estadual que vem a ser irmão do ex-presidente da legenda, José Genoino - naturalmente que Valdebran entrará para a lista daqueles que ludibriaram o PT em sua boa fé.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/18/2006 01:09:00 AM |
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