O deputado Raul Jungmann, é um ex-comunista, que impediu a Renan Calheiros de abafar a CPI dos Sanguessugas, tornando-se assim uma pedra no sapato para os governistas que chutaram a ética para o alto. Agora se vê acusado de desvio de verba pública. Ora, os procuradores, tem sempre mostrado tendências a beneficiar o Partido dos Trabalhadores, quem não lembra de Luiz Francisco de Souza? Guilherme Fiúza faz uma pergunta: por que ele não foi denunciado antes? Leia a matéria em no mínimo, clicando em texto completo.
O DOSSIÊ JUNGMANN Por Guilherme Fiuza O deputado Raul Jungmann está sendo acusado de desvio de dinheiro público. Nem dá para entender como essa denúncia não apareceu antes. O ex-comunista Jungmann está muito em evidência há bastante tempo. Liderou o movimento que impediu Renan Calheiros de abafar a CPI das sanguessugas, faz uma oposição consistente ao governo, lidera o movimento para libertar o Congresso do jugo do presidente da República. Ou seja, é um pecador. O Ministério Público é aquilo que se sabe. Foi bravo no processo que levou à cadeia o deputado-motossera Hildebrando Pascoal. Foi arbitrário na invasão da residência de Chico Lopes, num ato que lembrou os costumes da ditadura militar. Foi irresponsável no processo que infernizou a vida de Eduardo Jorge Caldas, acusado de tráfico de influência. Depois o ex-secretário de FH foi inocentado. Mas só depois. O problema é o antes. O antes é aquela fase em que o sujeito circula por aí com o carimbo de corrupto na testa. Esses jovens procuradores são muito inteligentes, preparados e conscientes do sentido de missão que há em seus cargos. Essa missão, muitas vezes, é defender os interesses do PT – como já deixou claro o famoso procurador Luiz Francisco de Souza, que anda sumido desde que seu partido chegou ao poder. A missão foi cumprida. Assim é a geléia geral das instituições no Brasil. O presidente do Supremo Tribunal Federal faz política à luz do dia em favor de José Dirceu, e a vida segue. Cada um usa o chapéu que quiser no lugar onde bem entender. Silvinho Pereira até hoje não entendeu qual era o problema de ser secretário do PT e ter uma sala no Palácio do Planalto. E deixou claro, em entrevista, que se sentia merecedor daquele Land Rover estacionado em sua garagem. Privatização é isso aí. A ação contra Raul Jungmann, assinada por José Alfredo de Paula Silva e Raquel Branquinho (onde anda o Artur Gueiros? Saudades dele), tem a pujança literária de costume, falando em estrutura ilícita “nos moldes de uma quadrilha” e em esquema “chefiado” pelo ex-ministro Raul Jungmann. Sabem tudo de jornalismo, esses procuradores. A acusação é de que houve contratos de publicidade no Incra feitos sem licitação, o que na linguagem vibrante dos autores se transforma em “desvio de dinheiro público”. Essa alegoria é importante, porque permite à infantaria do lulismo (ela nunca foi tão numerosa) dizer que, se o PT embolsou dinheiro das estatais pelo valerioduto, aí está um ex-ministro de Fernando Henrique pego também com a boca na botija. No lusco-fusco da opinião pública acaba dando tudo no mesmo, embora haja uma diferença sutil: Jungmann não roubou (os procuradores não condenam por antecipação? Pois este espaço absolve por antecipação, e banca o que afirma) e os delubianos roubaram. Muito. O dossiê Vedoin não deu certo, mas não há um só aloprado na cadeia ou mesmo respondendo à Justiça, portanto liberou geral. Agora está na rua o dossiê Jungmann, e a única certeza absoluta é de que outros virão. Te cuida, Gabeira.
Editado por Giulio Sanmartini às 1/13/2007 12:07:00 AM |
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