Ralph J. Hofmann – 11/12/06
Ha alguns anos fui a uma cerimônia qualquer. Em dado momento um religioso ilustrou qualquer coisa contando a história de Jó.
Sempre que escutava essa história, que me é empurrada garganta a baixo desde meus tenros anos, inicialmente em escolas estaduais, portanto leigas, e depois num colégio de padres, eu me derretia com a fidelidade do pobre Jó. Com seu amor a Deus. etc.
Naquele dia cheguei a uma conclusão. Ou a história de Jó ou a Parábola dos Talentos. É impossível aceitar as duas.
Ou você é ovelha ou é leão. Jó é antes de tudo uma figura da sina, do kismet. “ Meu destino é este, o que posso fazer...” Figura sob medida para sociedades onde não há muito apreço pelo esforço pessoal. Some-se a isto o “Sermão da Montanha” e temos uma receita para que o povo fique esperando as migalhas que uma divindade ou uma liderança aceitar destinar ao seu sustento.
“Complô dos padres”; dirão as esquerdas. Assim mantiveram o povo fiel aos senhores morgados e cavalheiros. Mantiveram o servilismo feudal. Pode até ser, mas hoje ninguém discute mais que a moderna sociedade se beneficia de pessoas que se superem. As religiões protestantes souberam valorizar a iniciativa e o mundo se beneficiou com isto.
Na idade média as constantes conquistas, otomanos conquistando bizantinos, bizantinos conquistando otomanos, os saques de cidades ricas, por uma parte ou outra, o seqüestro de cidades inteiras por mouros nas costas da Espanha, Itália, França e até das Ilhas Irlandesas para venda como escravos, geravam as grandes fortunas que alimentavam os templos desta ou aquela igreja.
Com o surgimento de novos conceitos de ética, e o ânimo para se defender de diferentes povos isto se tornou mais difícil. Então hoje o vencedor, o inventor, o sábio o grande agricultor, é cantado em prosa e verso como o Servo que lucrou talentos para seu senhor. Recebe até títulos papais no caso dos católicos.
Mas o hábito de escravizar pelo conceito de destino não está morto. Uma nova religião ocupou os espaços das antigas igrejas cristãs. São as vertentes do comunismo ou do socialismo. Transformam povos empreendedores em povos apalermados agruardando permissão até para usar o banheiro.
Nos assentamentos vemos os novos feudos em que os líderes mantém a disciplina pela distribuição de recursos alocados pelo estado, e pela própria violência. Vemos ser filtrado o conteúdo do conhecimento ao qual as crianças destes feudos estão expostas em suas escolas. Vemos o próprio governo nacional distribuindo migalhas com as quais mantém as pessoas acorrentadas aos seus casebres, não se arriscando a obter carteiras de trabalho assinadas.
O mundo está precisando de novos evangelistas. Evangelistas do conceito de “mantenha os pés firmemente no chão e a cabeça erguida e molde seu próprio futuro, sem esmolas”.
Em “Atlas Shrugged”, Ayn Rand previu uma greve dos empreendedores do mundo. Ante as filosofias politicamente corretas, os confiscos dos burocratas, a criminalização do individualismo. as pessoas capazes de gerar novos negócios e novos projetos se retiram para um lugar escondido nas montanhas e deixam o mundo para trás. Em pouco tempo sua falta começa a ser sentida, já que faltam as forças “invisíveis” que sempre aparavam as arestas ante os desastres iminentes.
Um brinde a “Ayn Rand”!
Editado por Ralph J. Hofmann às 12/11/2006 08:45:00 PM |
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