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O COBERTOR CURTO
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Ralph J. Hofmann – 28/12/06
Se o cobertor for curto não adianta. Ou os pés ficam descobertos ou os ombros.
Estamos hoje sofrendo as atenções de xerifes mal treinados ou não treinados no setor aéreo. Esta tarde nos mimosearam com mais um achado. Não se cancelarão mais vôos. Falou a ANAC pela voz de um tal Zuanazi ou Suanassi (soava como nazi - seria coincidência? ), talvez seu diretor. E falou naquele tom de “tenho dito, está dito e está tudo resolvido!”.
Francamente não está nada resolvido. Suponha que enquanto 100 passageiros aguardam um avião que está chegando atrasado por algum motivo de um aeroporto ao norte ou ao sul o para embarcar a Belo Horizonte numa certa hora, um outro avião decole para Curitiba com não mais de 40 passageiros. O que é mais racional? Lotar um avião, tirar 60 a mais pessoas do aeroporto e posteriormente lotar o avião que está atrasado com todos os passageiros que estiverem esperando vôo para Curitiba. Talvez por um pool semelhante a uma ponte aérea, em que todos os passageiros a Curitiba de todas as companhias aéreas aproveitarão todos os aviões de todas as companhias aéreas enquanto perdurar essa crise.
Mas o nosso país é dos ungidos. Com a sua estrelinha de lata com a sigla ANAC o xerife passou a entender de tudo. Inclusive ela lhe deu poderes místicos que permitem dominar a física (Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo). A indústria de alimentos (Como se as sardinhas em lata quase ocupam o mesmo espaço?), a logística ( Basta o piloto acelerar mais um pouco e ele vence o atraso e chega na hora?), a eletrônica (Ordeno que os rádios e os radares não falhem, e ordem minha se desobedecida terá conseqüências funestas para os culpados).
Sinceramente, ministros, diretores da ANAC, etc., etc. estão sobrando nessas discussões. Coloque-se numa sala um Brigadeiro-do-ar que entenda de aviação civil, os diretores operacionais de todas as companhias aéreas, a pessoa que comande o controle aéreo no país e os gerentes dos aeroportos mais congestionados, permita-se que exponham uns aos outros seus pontos fortes e fracos e só permita que saiam dessa sala após elaborarem um plano que pensem poder cumprir, à luz dos elementos humanos e físicos efetivamente disponíveis e de previsões de panes ou atrasos. Depois publiquem o plano para que haja transparência. E executem, sem esperar o visto de um mandalete de título pomposo que nada entende do riscado.
É hora de os profissionais agirem e provarem que realmente são profissionais. E é hora dos aparelhos políticos se restringirem a rezar de boca calada.
Editado por Ralph J. Hofmann às 12/28/2006 08:21:00 PM |
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