Por Giulio Sanmartini
Tive um bom amigo que atendia pelo nome de Luíz Antônio, era coronel do exército reformado e fizera a guerra na Itália, seu papo preferido era e estada que tivera em Roma, todavia mais que coronel era compositor, um dos melhores da música popular brasileira . Corria o ano de 1992 eu morava no Sul da Bahia e tinha vindo ao Rio, encontrei Luiz Antonio e combinamos ira almoçar juntos, eu escolhi a Colombo, pois ele era o autor da eterna marchinha de carnaval Sassaricando, que a uma altura diz: “E o velho na porta da Colombo/ é um assombro/ sassaricando. Estávamos saindo quando ele encontrou um amigo e me apresentou, eu logo reconheci o também compositor Braguinha (na foto em Copacabana) e a coisa passou assim mesmo. Voltei para a Bahia, mas no final de junho vim ao Rio coordenar a edição do livro comemorativo dos Centenário de Copacabana e assim estreitei mais um pouco conhecimento com Braguinha. Na época tinha já 85 anos, ficou muito contente quando lhe contei a história do jogo Brasil e Espanha na Copa do Mundo e 1950. Foi o único jogo de Copa do Mundo que assisti em minha vida , era bem criança e fui pela primeira vez ao Maracanã levado por meu tio. Logo antes do jogo começaram a cantar o hino nacional, que eu sabia alguma coisa pois o estava aprendendo na escola. Começou o jogo e Brasil fazendo gols (o jogo terminou 6x1), mas a uma certa altura, num estádio lotado, diz-se com 200 mil pessoas, sem nada combinado todos começara a cantar uma marcha de carnaval “As touradas de Madrid”, eu sabia pois minha mãe sempre a cantava. Hoje entendo que essa música por um ato espontâneo de uma grande massa, tornara-se o hino do país que naquele momento calçava chuteiras, como diria Nelson Rodrigues. Nos papos entre Braguinha (Carlos Alberto Braga) e Luís Antônio fiquei sabendo algumas curiosidades a mais interessante diz respeito a uma música de Nöel Rosa, “Três Apitos”, que conta a história de u‘a moça que trabalhava na Fábrica de Tecidos Confiança e que a chaminé de barro, quando apitava fazia reclame dela. Uma das partes da letra diz: Nos meus olhos você vê/ que eu sofro cruelmente/ com ciúmes do gerente impertinente/ que dá ordens a você.Pois é, esse gerente era de fato o pai de Braguinha. Naquela época ele fazia parte dos Tangarás, um grupo de cantores que além dele de Nöel Rosa, fazia parte Almirante. Nessa época Braguinha assumiu o apelido de João de Barro, o pássaro que constrói os ninhos com esse material. Braguinha nasceu no dia 29 de março de 1907, nesse domingo dia 24 faltando pouco para completar 100 anos ele foi embora. Deixou músicas inesquecíveis, como Chiquita Bacana (1949) gravada por Emilinha Borba, o sucesso dessa marchinha tornou-se internacional, pois foi gravada nos EUA, Argentina, Itália, Holanda, Inglaterra e França, onde saiu com o título "Chiquita madame de la Martinique", em gravação da cantora Josephine Baker. Pixinguinha compôs o chorinho Carinhoso entre os anos de 1916/17, que ficou mais ou menos esquecido, até que passados 20 anos, em 1937, Braguinha lhe de a letra e na voz de Orlando Silva tornou-se um sucesso que vai até hoje, com mais de 100 gravações, de Dalva de Oliveira, Ângela Maria até Elis Regina e João Bosco. Braguinha compôs mais de 400 músicas algo quase inédito na MPB, deixou além dos sucessos já citados, um hino, tão acidental como “Touradas de Madri”, mas de vida bem mais longa que o tempo de uma partida de futebol, foi o samba-canção “Copacabana” (19145) com gravação de Dick Farney. Essa música tornou-se um hino perene ao bairro mais famoso do Brasil e um dos mais famosos do mundo. É nela que Braguinha continuará vivo para a eternidade.
Editado por Giulio Sanmartini às 12/26/2006 02:30:00 PM |
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