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SOBRE EMPREENDEDORISMO
Por Onofre Ribeiro

Sobre o artigo “Empreendorismo em queda”, publicado neste jornal no último dia 18, recebi contribuições muito interessantes, algumas das quais gostaria parcialmente.
Do presidente do Fórum Empresarial de Mato Grosso – Foremat – Célio Fernandes: “vejo que o problema não é só de Mato Grosso, é nacional e tem preocupado muito o setor empresarial. As informações de que o brasileiro é muito empreendedor, devem ser analisadas muito mais sobre o prisma da reatividade e adaptação às condições adversas (citadas no artigo), do que sobre a capacidade de planejar e realizar novos negócios. Mas quero ater-me inicialmente a questão deste crescimento na busca por empregos públicos.
Façamos um raciocínio simples; se para passar em um concurso público a concorrência é imensa, devemos concluir que apenas os melhores farão parte do quadro de servidores públicos. Isso seria ótimo se a visão, a cultura e principalmente a prática do serviço público fosse realmente a de servir o cidadão, a sociedade, gerando melhor qualidade de vida. Melhor ainda se estes profissionais representassem de fato uma nova esperança de transformações nos modelos burocráticos e intervencionistas do Estado sobre a sociedade. Mas de uma maneira geral, o que temos visto é que esta busca desvairada por emprego público é fruto da busca por maior segurança financeira, e da maldita estabilidade (que mata aos poucos a criatividade dos melhores talentos, assim como os sonhos de uma sociedade melhor para todos), ou como disse o Onofre " de amarrar o burro na sombra".
Do professor Elifas Gonçalves Júnior, da área de gestão na Universidade Federal de Mato Grosso recebi estas considerações: “Na UFMT não é diferente e, imagine: no curso de Administração, que a princípio seria uma fonte de empreendedores, nas turmas finais do curso 3 ou 4 querem empreender, os demais...concurso público. Fico triste pois o serviço público não irá aguentar empregar tanta gente e gera renda insuficiente para manter o país (com a palavra meus amigos economistas). No último semestre estudantil, tenho que falar assim pois estamos compensando as greves e ainda não conseguimos nos adequar ao calendário tradicional, pedi que os discentes procurassem alguns empresários e os trouxessem à universidade a fim de podermos compartilhar as experiências. Qual foi o resultado: total desânimo dos alunos e pouquíssimo interesse pelo tema. Eles estão errados? Talvez não! O risco é altíssimo. Juros entre os mais altos do mundo, quando não o somos, como você bem disse uma burocracia infernal e infeliz, empregados despreparados e pouco alinhados a empresa, carga tributária maluca, aí incluindo a trabalhista. E mais, se tudo der certo: Parabéns! se der errado, sabe o que dizem...ele quebrou. Os bancos, empregados, colegas, amigos (os não verdadeiros), fornecedores não querem nem saber, querem o deles e acabou. Caro Onofre, os meninos estão certos não vale a pena eles passarem o que passei e estou passando. Mas até quando o Brasil vai aguentar”.
De Célio Fernandes, o arremate: “Agora, diante destas constatações eu fico me perguntando como serão os empregos, as relações trabalhistas e os salários no futuro?
Quem irá se dispor a fazer coisas como trabalhos braçais, coleta de lixo e limpeza pública, motoristas, empregados domésticos, serviços de construção civil, manutenção, etc.? Estas são algumas das dúvidas dos atuais e futuros empreendedores”

onofreribeiro@terra.com.br


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/28/2006 04:44:00 AM      |