Por Onofre Ribeiro
Em artigos desta semana abordei aqui a questão do empreendedorismo em Mato Grosso. Por empreendedorismo entenda-se a capacidade de se criar negócios pelas empresas, ou por pessoas individualmente. Recebi e-mails muito consistentes abordando essa grave tendência da juventude atual de refugiar-se no serviço público. Prefere os concursos a correr os riscos de empreender. Em parte os jovens têm razão, num ambiente público hostil aos empreendedores. Do empresário Paulo Gasparoto, dono de uma rede de lojas e de outros negócios em Mato Grosso, líder empresarial atuante e um lúcido crítico desse ambiente negativo, recebi o e-mail que reproduzo a seguir:
“Amigo Onofre: li sua matéria sobre o assunto, onde o jovem prefere muito mais ser funcionário público do que empreendedor, num país que demora l80 dias para abrir uma empresa a aproximadamente l0 anos para encerrá-la, ficando à mercê da Receita Federal durante uma década, com problemas no caso de necessitar qualquer certidão. Mas o que gostaria de lhe falar, é que não mais somente o jovem, mas qualquer cidadão que tenha um pouco de juízo, quer se ver longe dos risco que a partir do momento que possui um CNPJ, principalmente onde o lado ilegal ficou maior que o legal. Não porque goste de ser ilegal, mas por necessidade de ficar longe dos riscos trabalhistas. Por isso, 50 por cento dos empregados não possuem carteira assinada, longe dos riscos da Receita Federal, PIS Cofins, imposto de renda, contribuição social, INSS, ICMS, IPI e milhares de outros tributos e taxas que nem mais sabemos quantos são. Quem na verdade, de sã consciência, quer assumir um fardo desse tamanho? Então, o empreendedor está desaparecendo, marginalizado nas trincheiras da incompetência do governo, tão voraz que a cada dia só quer saber de fazer superavit primário através do aumento da carga tributaria. Avança cada vez mais dentro do bolso do contribuinte, e nada de redução dos gastos públicos. Ainda vemos o Judiciário corporativo, pedindo mais, mais e mais. O governo precisa fazer um superavit primário de l2 bilhões de reais por mês para pagar os juros da dívida interna. Neste mês, arrancou 8 bilhões do bolso do contribuinte e transferiu para os que recebem os juros da dívida, de um trilhão. Logicamente, faz a maior concentração de renda já vista no país. Li uma matéria de estudos propondo a aposentadoria as 67 anos de idade, possivelmente, na próxima reforma. O cidadão só poderá receber uma credencial para se aposentar no instituto de previdência de São Pedro, depois que morrer, como recompensa uma aposentadoria justa no reinos dos céus, e de ter pago 50 anos de contribuição. Enquanto isso, a previdência pública abocanha 70 por cento da arrecadação da previdência nacional, para privilegiar aposentadorias publicas que vão ate 50 mil real por mês. E assim, tudo continua, a sociedade calada, silenciosa, parte da imprensa cooptada pelas benesses dos governos, vamos assistindo todos dias um país que não cresce, porque além dos que recebem bolsa-família travestidas de assistencialismo, é a maneira mais sutil de dizer que não acreditam mais no país”. Voltarei ao assunto, porque recebi outras opiniões muito fortes e esclarecedoras.
onofreribeiro@terra.com.br
Editado por Giulio Sanmartini às 11/30/2006 02:45:00 AM |
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