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“O CHEFE” - 3A. PARTE
por Carlos I.S. Azambuja, professor em Mídia sem Máscara
Em 09 de agosto de 2005, surgiu Paulo Okamotto, o presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Foi nomeado para o cargo por Lula. Apresenta-se como o autor do pagamento da dívida de Lula de R$ 29.436,26 junto ao PT. Okamotto foi tesoureiro da campanha de Lula em 1989, na primeira vez em que ele disputou a presidência da República. A CPI dos Correios investiga se o pagamento da dívida foi feito com dinheiro de caixa 2. No Sebrae, Okamotto administra um orçamento anual de R$ 900 milhões. Ele diz que pagou a dívida em quatro parcelas, mas não contou nada ao presidente: “Tirei recursos da minha conta pessoal”.
Okamotto não tem provas de que pagou. Não tem recibos, nada. A história não tem lógica. Ele diz que sacou dinheiro vivo em caixas eletrônicos em Brasília e enviou os valores em espécie para São Paulo. Na capital paulista, aconteceram os depósitos em conta bancária do PT, a partir de quatro agências diferentes do Banco do Brasil. Uma confusão.
Em 20 de agosto de 2005, a revista Isto É Dinheiro conta a história de uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), sobre o uso de cartões de crédito para retiradas de dinheiro por parte de funcionários da presidência da República. Em oito meses de 2004, sacaram R$ 5,5 milhões. Justificaram: foi para pagar despesas do gabinete de Lula, da Granja do Torto, a residência oficial, e de ministros de Estado.
De acordo com a revista, em nome de Clever Pereira Fialho, lotado no gabinete de Lula, houve uma fatura de mais de R$ 1 milhão, sendo R$ 226,9 mil em retiradas de dinheiro vivo. O ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Mauro Marcelo Lima e Silva, sacou R$ 1,3 milhão. E Maria Emília Évora, responsável por despesas da primeira-dama Marisa Letícia, gastou R$ 441 mil, de janeiro a agosto de 2004. Do total, Maria Emília retirou R$ 198 mil em dinheiro vivo, média de R$ 24,8 mil por mês. Quase um mensalão.
Em 11 de setembro de 2005, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que o PT usou dinheiro do fundo partidário, originário de recursos públicos, para pagar irregularmente passagens aéreas para filhos, noras, genro e neta do presidente Lula, e para a mulher e a filha do ministro da Fazenda, Antonio Palocci (PT-SP). Quase todas as viagens, no final de 2002, foram no eixo São Paulo-Brasília. Beneficiados: Marcos Cláudio, filho de Lula, e a nora do presidente, Carla Adriane. Luiz Cláudio, filho de Lula, e a namorada, Talita. Sandro, filho de Lula, e a namorada, Marlene Araújo. E Lurian Cordeiro, filha de Lula, que viajou desde Florianópolis, acompanhada do marido, Marcelo Sato, e da filha, Maria Beatriz, neta de Lula. Já Palocci usou a mordomia para as passagens áreas da mulher, Margareth, e da filha, Carolina, e ainda se serviu da grana para pagar o hotel no qual Carolina se hospedou.
Reação do corregedor-geral da Justiça, ministro Humberto Gomes de Barros: – “A coisa é tão insólita... É uma apropriação indébita, desvio de dinheiro público. É uma coisa muito séria” (comentário meu: e daí?).
Com o caso nos jornais, Palocci mandou a assessoria emitir nota para negar conhecimento “pleno” dos pagamentos. Só parcial, portanto. E diz que “considera” restituir “eventuais pagamentos”, “que possam ter qualquer dúvida de correção”.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/25/2006 12:59:00 AM      |